Produtor que perdeu R$ 1 milhão espera reaver dinheiro após condenação de empresário: ‘Todo mundo tem esperança’
Fabrício Cardoso Martins é uma das pessoas lesadas por sumiço de sacas de café armazenadas em galpão em Altinópolis (SP). O caso aconteceu em janeiro deste ano e Guilherme Osório, dono dos espaços, foi sentenciado a 8 anos de prisão nesta semana.
Um dos 55 produtores rurais lesados pelo empresário Guilherme Osório, condenado por apropriação indébita de mais de 20 mil sacas de café, Fabrício Cardoso Martins espera reaver o valor do prejuízo. O produto total, armazenado em um dos galpões administrados por Guilherme em Altinópolis (SP), estava avaliado em R$ 63 milhões. Só Fabrício perdeu mais de R$ 1 milhão.
“Já conversei com amigos meus que são produtores de café também, e eles falam ‘já perdi a esperança de receber este dinheiro de novo’. Mas acho que, no fundo, todo mundo tem uma pequena esperança de algum valor para ajudar”.
O caso foi descoberto em janeiro deste ano, quando produtores que mantinham as sacas armazenadas com Guilherme procuraram a polícia depois que notaram o sumiço dos cafés e não conseguiram falar com o empresário e nem com a mulher dele, Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira.
A mesma sentença que condenou Guilherme absolveu Marina dos crimes. “O que mais deixou a gente, que é produtor, decepcionado é que em nenhum momento houve transparência da parte do Guilherme em conversar com o produtor, sentar, explicar o que está acontecendo. Simplesmente sumiu com o café e não deu satisfação nenhuma. Na época, a gente tentava mandar mensagem, ligação, não respondia. inclusive chegou até a falar que estava participando de reuniões para estruturar a empresa”, diz Fabrício.
Além de condenar Guilherme a 8 anos e 10 meses de prisão, a Justiça também obrigou o ressarcimento de todas as vítimas. Os bens do casal, avaliados em R$ 6 milhões, foram penhorados e alguns galpões da empresa estão vazios e lacrados pela justiça. A condenação não encerra o caso, mas produtores foram obrigados a conviver com o prejuízo pela falta do produto nos últimos meses. Fabrício tem buscado ajuda para não ficar sem trabalhar.
“É bola pra frente. Você tem de deixar esse dinheiro que foi perdido e tocar. Pega um dinheiro no banco, faz um financiamento, faz um levantamento de custeio. Tem de tocar. Tem de tocar, senão fica pior”.
O produtor Osmar Cardoso da Silva perdeu R$ 1,6 milhão com o desaparecimento de 675 sacas de café que estavam guardadas em um dos armazéns do casal. “Há dez anos a gente negociava com eles, nunca teve problema, e agora a última venda que a gente teve estourou o negócio lá. Ele veio a atrasar um pouquinho o pagamento, a gente veio pra conversar com ele que ia tirar o café que a gente tinha. A gente foi no escritório, e aí já não conseguiu encontrar mais eles. É uma sensação de perda mesmo, porque são muitos anos de trabalho que a gente faz pra ter um pouquinho de recurso”. Já o prejuízo calculado pela família da produtora Patrícia Crivelenti, que atua nas regiões de Altinópolis e Itamogi (MG), chega a R$ 18 milhões. Veja mais notícias da região no DE Ribeirão Preto e Franca.
A defesa do casal, representada pelos advogados Raphael Guimarães Carneiro, Danielle Godoi Santiago e Victor Santiago, informou que “o enfrentamento das acusações seguirá sendo feito de forma técnica e serena, nos autos, que correm em segredo de justiça, inclusive para preservação da segurança dos envolvidos”. O casal, que chegou a ser preso em Caraguatatuba (SP) no fim de janeiro, teve a prisão revogada pela Justiça em abril e respondia pelo crime em liberdade. Procurados pelo DE, Tribunal de Justiça e Ministério Público disseram que não poderiam passar informações detalhadas, porque o caso está em sigilo.