A Polícia Civil do Espírito Santo indiciou um professor acusado de furar 43 alunos com a mesma agulha durante uma aula prática sobre tipo sanguíneo, realizada em março deste ano em uma escola estadual do município de Laranja da Terra. O inquérito foi concluído nesta terça-feira, 1º.
Segundo as investigações, o docente utilizou uma única lanceta de metal para perfurar os estudantes, sem o uso de materiais descartáveis. Ele higienizava o instrumento apenas com álcool 70%, água destilada e água corrente. Algumas alunas relataram que a agulha era limpa entre os usos, mas a prática contraria normas básicas de biossegurança.
A aula prática, realizada nos dias 13 e 14 de março, incluía a visualização de células sanguíneas ao microscópio. O pai de uma das estudantes denunciou o caso após sua filha e outros alunos procurarem a Unidade Básica de Saúde do município, preocupados com o risco de contaminação por doenças.
A direção da escola afirmou que o professor não tinha autorização da equipe pedagógica para realizar esse tipo de atividade e que a unidade de ensino não dispunha de materiais apropriados para o procedimento. A participação dos alunos também não contou com consentimento prévio dos responsáveis.
A coordenadora da Vigilância Epidemiológica local informou que todos os alunos envolvidos, além do professor, realizaram testes rápidos para HIV, sífilis, hepatite B e C, bem como exames sorológicos complementares — todos com resultado negativo até o momento.
Apesar de não haver confirmação de contaminação, a polícia concluiu que houve exposição a risco real e iminente. O delegado Guilherme Eberhard Soares destacou que a reutilização da lanceta configura um perigo à saúde coletiva, o que motivou o indiciamento do professor por expor a vida ou a saúde de outrem a risco.
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.