Professora denuncia confinamento e falta de recreio em escola de Senador Canedo

Senador Canedo

Uma servidora de Senador Canedo está denunciando uma série de arbitrariedades por parte da gestão da Escola Municipal Vovó Dulce, no Jardim das Oliveiras. A professora afirma que os estudantes estão sem direito ao recreio do colégio há seis anos e reclama da inércia da Secretaria de Educação da cidade. Com a retirada do intervalo, os alunos e os funcionários estão sendo liberados antes do horário previsto para término da atividades.

 

A mulher prefere não se identificar por medo de represália, principalmente dentro da instituição. Ela critica assédio moral e mediação violenta contra funcionários e alunos por parte da direção e coordenação, especialmente desde que se manifestou contra o fim do intervalo de 15 minutos entre a terceira e quarta aulas das crianças. A unidade de Senador Canedo atende alunos de 9 a 14 anos de idade que frequentam do quinto ano ao nono ano nos três turnos. O problema ocorreria somente no período matutino.

 

“Eu percebo que estamos vivendo um momento político tenebroso em que tudo pode menos, exceto o que é certo. Todos os órgãos competentes estão cientes disso. Para eles não é nada, mas para uma criança pode ser tudo. O que mais me choca é o posicionamento da Semec [Secretaria Municipal de Educação de Senador Canedo]. Nunca vi tantos desmandos em todas as áreas que podemos pensar na cidade”, defende.

 

Segundo a professora, a punição teria começado supostamente após ter sido encontrada droga na escola. Uma ata realizada entre a diretora, coordenadora e outros servidoras revela que a manutenção da sanção interna tem outro motivo: para que ”os estudantes não destruíssem a escola”. A denunciante descreve que insistiu e conseguiu a liberação do recreio para apenas duas turmas, que ficam confinadas na quadra de esportes. As crianças ficam com as mochilas nas costas durante todo o período..

 

“Na verdade, as pessoas que medeiam o recreio não querem ter trabalho. Uma, inclusive, é esposa do vereador dr. Reinaldo. Ela é uma das que é combativa ao retorno do intervalo. Ou seja, segrega as crianças, tira o direito delas para 11 horas liberarem os alunos. O administrativo mesmo entraria às 6h e sairia às 12h, mas conseguem sair muito mais cedo. Tiram o direito aos minutos de aula dessa crianças. Essas denúncias já estão no Ministério Público, na Corregedoria e na própria Semec e nunca fazem nada”, alega.

 

De acordo com a mulher, as arbitrariedades com a conivência da Semec incluem ainda a permissão de que servidores da instituição viagem durante o semestre letivo por meio da chamada “substituição branca” em Senador Canedo. A modalidade ocorre quando um servidor paga outra pessoa para trabalhar por ele para não ocorrer o registro de falta, apesar de a Constituição Federal permitir a atuação somente de pessoas investidas na função com vínculo com órgãos governamentais. Além disso, é proibido a pessoas estranhas desempenharem atribuições de responsabilidade dos servidores.

 

As atividades livres ou dirigidas durante o recreio possuem caráter educativo e devem ser consideradas pela escola na elaboração da proposta pedagógica, conforme determina o Conselho Nacional de Educação (CNE). O recurso é incluído como hora de efetivo trabalho escolar. “Os momentos de recreio livre são fundamentais para a expansão da criatividade, para o cultivo da intimidade dos alunos mas, de longe, o professor deve estar observando, anotando, pensando até em como aproveitar algo que aconteceu durante esses momentos para ser usado na contextualização de um conteúdo que vai trabalhar na próxima aula”, prevê o CNE.

 

Professora denuncia confinamento e falta de recreio em escola de Senador Canedo:

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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