Programa de combate ao HIV tem futuro incerto em SC após cortes de
financiamentos dos EUA
Verba foi cortada em janeiro e impactou projeto A Hora é Agora, de
Florianópolis. Decisão da Justiça norte-americana retomou os repasses de forma
parcial por dois meses.
Projeto financiado pelos EUA de combate ao HIV tem continuidade incerta em
Florianópolis
A continuidade de um programa de combate e prevenção ao HIV/Aids em
Florianópolis é incerta. O projeto é financiado pelos Estados Unidos, que suspendeu o envio de
verbas a iniciativas do tipo em todo o mundo.
Uma decisão da Justiça norte-americana, porém, garantiu o retorno dos repasses
por dois meses, mas a determinação pode ser revertida. A justificativa é que “os
recursos eram destinados a atividades consideradas vitais”.
Os cortes aconteceram no final de janeiro e impactaram o andamento do programa A
Hora é Agora em várias cidades do Brasil, incluindo Florianópolis.
“Quando a gente soube do corte abrupto do programa, o primeiro impacto é que
esses profissionais perdem o seu contrato, sendo desligados. E, com isso, os
serviços onde eles atuam acabam sendo suspensos naquele momento”, explicou o
médico da família Ronaldo Zonta.
O programa chegou a Florianópolis em 2019, financiado pelo governo americano, em
parceria com a Fiocruz e o Ministério da Saúde. Por meio dele, eram contratados
profissionais de saúde e financiada a entrega de medicamentos pelos Correios.
Desde o início de fevereiro o serviço estava suspenso. “Nesse momento, com esse
corte são cinco infectologistas, médicos especialistas, oito enfermeiros e dois
farmacêuticos”, detalhou Zonta. No mesmo dia em que foi lançado o edital para contratar em regime emergencial
novos profissionais, a Justiça conseguiu que o programa fosse retomado.
Agora, a busca por contratação vai acontecer para repor o quadro do A Hora é
Agora de forma parcial. O nome do programa também deve mudar.
Enquanto isso, os cerca de 9 mil pacientes com HIV que vivem em Florianópolis
devem ser atendidos pela rede de atenção primária, pelos médicos da família, nos
postos de saúde. “Temos ainda uma equipe de infectologista agora que está direcionada para os
casos mais graves. Continuamos tendo os postos de saúde, tanto médicos de
família, enfermeiros, oferecendo testes de HIV, sífilis. E assistentes continuam
distribuindo autotestes nas farmácias. Então ao invés de receber pelo correio,
agora você pode, já podia antes, retirar na farmácia da policlínica, no posto de
saúde do seu bairro”, completou Zonta
Temporariamente, as pessoas que fazem uso dos medicamentos pré-exposição ao
vírus, que eram atendidas principalmente por esses profissionais, devem ter esse
acesso facilitado.
“Estamos facilitando o acesso, liberando mais fácil o remédio para essas
pessoas, oferecendo serviços de teleatendimento. Da mesma forma, as pessoas que
vivem com HIV que têm alguma dificuldade de acessar a receita, alguma
dificuldade de conseguir o medicamento, criamos um serviço de WhatsApp também
específico para isso”, continuou o médico.
Mesmo com o futuro do programa incerto, Zonta explicou que os medicamentos para
o tratamento do HIV e os testes continuam garantidos. “O medicamento em si não é impactado porque o Brasil como um todo é
autossuficiente pelo SUS, pelo Sistema Único de Saúde, de todos os medicamentos
para HIV, seja para tratamento como prevenção como a Prep. Então a gente não tem
nenhuma falta nem perspectiva de desabastecimento do medicamento”, reforça.