Projeto de cofinanciamento de Goiás auxilia municípios no monitoramento da qualidade da água

Projeto de cofinanciamento de Goiás auxilia municípios no monitoramento da qualidade da água

O Projeto de cofinanciamento das Ações de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás deverá contribuir, de forma significativa, para que os municípios façam o monitoramento da qualidade da água consumida pela população goiana. O edital, de adesão voluntária pelas prefeituras, foi lançado no ano passado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO), com nove programas disponíveis para a melhoria das ações de saúde, com recursos totais na ordem de R$ 31,7 milhões. Ao todo, 214 dos 246 municípios aderiram ao programa de monitoramento.

Com o cofinanciamento, as secretarias municipais de Saúde conseguem aporte financeiro para a aquisição dos equipamentos e insumos necessários para a análise de potabilidade da água em cada cidade. “Os municípios têm condições de agir localmente, verificando questões como turbidez, cloro e fluoreto. Outra parte desse projeto visa trazer alguns exames mais complexos, como por exemplos coliformes fecais e bacteriológicos. O que nós precisamos, já com o recurso repassado, é que os municípios iniciem o processo de compra desses equipamentos e insumos para que a gente possa melhorar o monitoramento e a qualidade da água utilizada no estado”, destaca a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.

A organização e execução dos procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água são de responsabilidade de cada município, que cumpre as diretrizes do Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), do Ministério da Saúde. As amostras são coletadas na rede de distribuição da cidade, incluindo os reservatórios. O trabalho é monitorado mensalmente pela Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa), sendo o repasse de recursos vinculado à execução das ações. A pasta presta ainda apoio técnico, com capacitação aos municípios para o manuseio dos equipamentos e insumos.

Programa de análise

“O monitoramento é feito por meio do Siságua, um sistema onde o município tem um programa de análise. Ele então vai realizar o monitoramento por amostragem, dependendo do quantitativo de habitantes. Ao inserir no sistema a gente fica sabendo se o município está ou não fazendo essa análise. Nós também podemos ir no local para auxiliar, tirar alguma dúvida e até verificar se eles realmente estão fazendo esse trabalho”, explica o coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental da SES, Magno Pereira.

Um dos municípios que aderiram ao cofinanciamento e que já adquiriu os materiais para a análise da água foi Itaguari, na região central de Goiás. Na cidade, que tem uma população de 4.963 pessoas, segundo o Censo 2022 do IBGE, o programa é administrado por parceria entre a SMS e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Os equipamentos serão utilizados para essas análises e monitoramento da água dentro do município onde os resultados das análises nortearão as políticas públicas voltadas para a conscientização e controle da qualidade/potabilidade da água que é servida aos munícipes”, garantiu o secretário de Meio Ambiente de Itaguari, Magno Florentino Dutra.

A superintendente da SES ressalta ainda que o trabalho é importante para evitar a transmissão de doenças pela água, garantindo a segurança e bem-estar da população do estado. “A água é considerada um fator de risco caso não seja de qualidade e pode causar uma série de doenças, inclusive diarreicas agudas, e transmissão, por exemplo, de hepatite A. Então é importante manter a qualidade e a potabilidade. Esse projeto visa justamente isso, monitorar o quanto essa água realmente está com qualidade para que seja usada pelo ser humano”, pontua Flúvia Amorim. O programa tem duração de 18 meses, podendo ser prorrogado por igual período.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Preconceito e discriminação atingem 70% dos negros, aponta pesquisa

Sete em cada dez pessoas negras já passaram por algum constrangimento por causa de preconceito ou discriminação racial. O dado é de pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Locomotiva e pela plataforma QuestionPro, entre os dias 4 e 13 de novembro.

Os sentimentos de discriminação e preconceito foram vividos em diversas situações cotidianas e são admitidos inclusive por brancos. Conforme a pesquisa, a expectativa de experimentar episódios embaraçosos pode tolher a liberdade de circulação e o bem-estar de parcela majoritária dos brasileiros.

Os negros, que totalizam pretos e pardos, representam 55,5% da população brasileira – 112,7 milhões de pessoas em um universo 212,6 milhões. De acordo com o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,6 milhões (10,2%) se autodeclaram “pretos” e 92,1 milhões (45,3%), “pardos”.

O levantamento do Instituto Locomotiva revela que 39% das pessoas negras declararam que não correm para pegar transporte coletivo com medo de serem interpeladas. Também por causa de algum temor, 36% dos negros já deixaram de pedir informações à polícia nas ruas.

O constrangimento pode ser também frequente no comércio: 46% das pessoas negras deixaram de entrar em lojas de marca para evitar embaraços. O mesmo aconteceu com 36% que não pediram ajuda a vendedores ou atendentes, com 32% que preferiram não ir a agências bancárias e com 31% que deixaram de ir a supermercados.

Saúde mental

Tais situações podem causar desgaste emocional e psicológico: 73% dos negros entrevistados na pesquisa afirmaram que cenas vivenciadas de preconceitos e discriminação afetam a saúde mental.

Do total de pessoas entrevistadas, 68% afirmaram conhecer alguém que já sofreu constrangimento por ser negro. Entre os brancos, 36% admitem a possibilidade de terem sido preconceituosas contra negros, ainda que sem intenção.

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os dados apurados indicam “a necessidade urgente de políticas públicas e iniciativas sociais que ofereçam suporte emocional e psicológico adequado, além de medidas concretas para combater o racismo em suas diversas formas”.

Em nota, Meirelles diz que os números mostram de forma explícita que a desigualdade racial é uma realidade percebida por praticamente todos os brasileiros. “Essa constatação reforça a urgência de políticas públicas e ações efetivas para romper as barreiras estruturais que perpetuam essas desigualdades e limitam as oportunidades para milhões de pessoas negras no Brasil.”

A pesquisa feita na primeira quinzena deste mês tem representatividade nacional e colheu opiniões de 1.185 pessoas com 18 anos ou mais, que responderam diretamente a um questionário digital. A margem de erro é de 2,8 pontos percentuais.

Racismo é crime

De acordo com a Lei nº 7.716/1989, racismo é crime no Brasil. A lei batizada com o nome do seu autor, Lei Caó, em referência ao deputado Carlos Alberto Caó de Oliveira (PDT-BA), que morreu em 2018. A lei regulamenta trecho da Constituição Federal que tornou o racismo inafiançável e imprescritível.

A Lei nº 14.532, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em janeiro de 2023, aumenta a pena para a injúria relacionada a raça, cor, etnia ou procedência nacional. Com a norma, quem proferir ofensas que desrespeitem alguém, seu decoro, sua honra, seus bens ou sua vida poderá ser punido com reclusão de 2 a 5 anos. A pena poderá ser dobrada se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes, a pena era de 1 a 3 anos.

As vítimas de racismo devem registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil. É importante tomar nota da situação, citar testemunhas que também possam identificar o agressor. Em caso de agressão física, a vítima precisa fazer exame de corpo de delito logo após a denúncia e não deve limpar os machucados, nem trocar de roupa – essas evidências podem servir como provas da agressão.

Nesta quarta-feira, 20, o Dia de Zumbi e da Consciência Negra será, pela primeira vez, feriado cívico nacional.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Isso vai fechar em 0 segundos