Prefeitura apresenta projeto de construção de VLT em São Paulo
Obra que interligará regiões do centro da cidade tem potencial para reduzir a poluição. Primeiras obras ficarão prontas em 2029, segundo o projeto.
A cidade de São Paulo já contou com uma versão do que hoje chamamos de VLT (veículos leves sobre trilhos). Eram os antigos bondes elétricos que deixaram de operar no final dos anos 1960 e circulavam na cidade em uma rede bem ampla para a época.
Foram feitos investimentos na construção de linhas de metrô e sistemas de integração com linhas de ônibus. Com uma capacidade de transporte similar à de um ônibus não articulado, os bondes tinham a vantagem de usar energia elétrica, portanto não contribuíam para o aumento da poluição do ar que se tornou crítica na década de 1970.
Agora, parte desse erro vai ser sanado com a construção de duas linhas de VLTs que vão interligar bairros da área central da cidade. O projeto foi orçado em R$ 4 bilhões, sendo que R$ 1,3 bilhão foi solicitado ao governo federal por meio do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento). Estima-se que o VLT poderá reduzir a emissão de CO2 em 22.580 toneladas por ano, com um ganho de R$ 10 milhões por ano no mercado de crédito de carbono.
POLUIÇÃO EM QUEDA
A frota de veículos cadastrados na cidade de São Paulo apresentou um crescimento intenso desde a década de 1980, conforme gráfico a seguir. Boa parte dos veículos cadastrados são automóveis que passaram a ser utilizados como alternativa de transporte individual diante da carência de investimentos em transporte público.
Fonte: SENATRAN e Secretaria Municipal de Licenciamento e Urbanismo de São Paulo
Embora esse crescimento tenha sido intenso, a poluição na cidade apresenta uma redução significativa para algumas substâncias. Isso é fruto do PROCONVE (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), uma política pública ambiental criada em meados dos anos 1980. Ela tem promovido a adoção de tecnologias de redução de emissões (como o uso mandatório de catalisadores e sistemas de injeção eletrônica) e melhoria na qualidade dos combustíveis.
Um dos poluentes que apresentou redução é o MP10, partículas inaláveis mais grossas (a fuligem mais pesada). Desde o final dos anos 1990, esse poluente apresenta uma tendência de queda, embora ela ainda esteja longe do ideal, conforme gráfico a seguir. Ele é gerado especialmente a partir da queima de combustíveis fósseis e tem ficado acima do índice indicado pela OMS e em uma faixa que a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) considera de qualidade moderada do ar.
É importante notar que esses dados se referem à região de Cerqueira César, que faz parte do chamado centro expandido da cidade de São Paulo e concentra um importante volume de tráfego, seja com ônibus urbanos e automóveis. A escolha dessa área também se deu em função da existência de dados para diversos anos, o que nem sempre está disponível para outros pontos de medição. Portanto, os dados podem variar conforme a área da cidade.
Fonte: CETESB
Outro poluente que tem apresentado tendência de redução é o monóxido de carbono, que, em exposições prolongadas, pode causar dor de cabeça, tontura, náuseas, fadiga e dificuldade de concentração. Desde 2013, ele tem ficado, na média, com índices abaixo do limite recomendado pela OMS.
Fonte: Cetesb
O dióxido de enxofre, poluente que tem origem na queima de combustíveis fósseis, especialmente óleo diesel, pode agravar doenças respiratórias, como asma e bronquite, provocar dificuldades respiratórias, especialmente em crianças, idosos e pessoas com doenças pulmonares.
Ele tem passado por uma redução importante desde meados da primeira década deste século e hoje, na média, encontra-se em concentrações bem abaixo dos limites especificados pela OMS, conforme mostra o próximo gráfico. Isso ocorreu pela melhoria na qualidade do diesel, com a redução da quantidade de enxofre.
Fonte: Cetesb
As políticas públicas de redução de emissões têm mostrado sua eficácia, com uma tendência de redução das emissões em diversas cidades. Isso tem de ser complementado com políticas de melhoria do transporte público para que haja uma redução da quantidade de automóveis circulando nas ruas.
O investimento em transporte público de qualidade é de fundamental importância para a melhoria da qualidade do ar nas cidades.