Projeto de tatuagens terapêuticas ressignifica traumas de vítimas de tráfico no Rio

Vítimas de tráfico de pessoas e trabalho análogo à escravidão encontram no Rio de Janeiro um projeto inovador de ressignificação de traumas através de tatuagens. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Secretaria Estadual de Direitos Humanos e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O objetivo principal do projeto é ajudar vítimas de crimes tão impactantes a superarem seus traumas e encontrar novos significados para as dores vividas.

Muitos dos acolhidos pelo projeto ainda carregam cicatrizes físicas dos abusos sofridos, e a tatuagem surge como uma maneira simbólica de criar novas memórias e significados para essas pessoas. Por questões de segurança, todos os nomes mencionados nas histórias são fictícios, garantindo a privacidade e proteção das vítimas.

Catarina, uma das beneficiadas pelo projeto, é uma mulher trans que sofreu exploração sexual em uma rede internacional. Em busca de melhores condições financeiras para ajudar sua mãe, ela acabou vivenciando situações extremas de violência e abuso. Após muita luta e trabalho árduo, Catarina conseguiu retornar ao Brasil, trazendo consigo traumas profundos e emocionais.

Ao participar do projeto, Catarina encontrou forças para seguir em frente. Através de uma tatuagem de um girassol e uma leoa, ela simbolizou sua força e resiliência diante das dificuldades enfrentadas. O projeto proporcionou a ela um espaço seguro para compartilhar suas dores e vivências, sem o medo de ser julgada, criando um ambiente acolhedor e terapêutico.

Outras histórias como a de Catarina também são acolhidas pelo projeto, incluindo a de uma mulher venezuelana de 50 anos que viveu em condições análogas à escravidão no Brasil. Separada de seus filhos e sem emprego, ela encontrou abrigo em troca de trabalho árduo. Mesmo sem optar por fazer uma tatuagem, ela recebe todo o suporte e acolhimento necessários para sua recuperação e reinserção na sociedade.

Com dados impactantes da Coordenadoria de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e ao Trabalho Escravo, que já assistiu mais de 188 vítimas em situação de vulnerabilidade apenas em 2024, evidencia-se a gravidade desses crimes. O projeto no Rio de Janeiro surge como uma iniciativa que busca resgatar a dignidade e a esperança dessas pessoas, promovendo sua reintegração na sociedade e o resgate de suas histórias de vida marcadas pela violação dos direitos humanos.

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