Projeto Faces: Hospital em Jaú cria próteses faciais para pacientes oncológicos, devolvendo dignidade e transformando vidas

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Projeto cria próteses para pacientes que perderam partes do rosto em tratamento de câncer: ‘Reconstruir para devolver dignidade’

Iniciativa do Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP), criada em 2021, já beneficiou mais de 200 pessoas de diferentes estados com atendimento gratuito pelo SUS.

Hospital em Jaú transforma vidas com próteses faciais para pacientes oncológicos

Hospital em Jaú transforma vidas com próteses faciais para pacientes oncológicos

Após uma cirurgia que removeu parte significativa do seu nariz, a aposentada Beatriz Placidina Ferreira sentia vergonha de sair de casa e aparecer em público. O que poderia ter se tornado uma fobia social pela aparência tomou outro rumo quando ela recebeu uma prótese de silicone do projeto Faces, do Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (SP).

Desde 2021, a iniciativa oferece gratuitamente próteses para pacientes que perderam partes do rosto durante o tratamento contra o câncer.

“Se a mesa fosse mais alta, eu entrava debaixo… não conseguia sair de casa. Mas, quando falaram que colocava o nariz de silicone, eu fiquei feliz. Fiquei feliz porque eu usava só gaze e uma máscara”, conta em entrevista à TV TEM.

O hospital informa que mais de 200 pacientes de diferentes regiões do país já foram beneficiados pelo projeto, que funciona com apoio de entidades nacionais e internacionais sem fins lucrativos.

A iniciativa também mudou a vida do aposentado Abílio Cardoso Pereira, que teve a orelha retirada em uma cirurgia. Ele ficou cerca de seis meses sem sair de casa até a região cicatrizar.

“Na família estava tudo bem, mas, quando eu saía, sentia constrangimento com os olhares. Hoje, com a prótese, tenho vida normal”, afirma.

As peças são confeccionadas pelo protesista bucomaxilofacial Cassiano Ferreira Neto, responsável pelo projeto em Jaú. “Depois da cirurgia, muitos pacientes se perguntam: ‘E agora, como vou me portar diante dos outros?’. Nós fazemos próteses de lábios, olhos, orelhas, praticamente qualquer parte da face. A ideia é reconstruir para devolver dignidade”, explica.

COMO FUNCIONA O PROCESSO

Após a cirurgia, os pacientes são encaminhados ao setor de odontologia do hospital, onde o rosto é escaneado em 3D. “Depois que o paciente é avaliado pelo cirurgião, a gente faz o escaneamento: eu pego essa imagem e jogo para o computador”, explica o analista de processos João Vitor Gazana.

No computador, começa a modelagem da parte que foi retirada. O próximo passo é produzir o molde em plástico em uma impressora 3D, processo que leva em média quatro horas. A prótese definitiva é feita no laboratório de Cassiano a partir desse molde. Ele cria uma forma de gesso e, em seguida, prepara o silicone.

O trabalho é artístico: a mistura com tintas à base de água dá o tom mais próximo da pele do paciente, e até as manchas naturais são reproduzidas. O silicone é despejado na forma, que é fechada com uma prensa e levada à estufa para secar. Em cerca de 20 minutos, a prótese está pronta.

No caso de pacientes que precisam de prótese oculopalpebral, quando a cirurgia remove parte do olho e da pálpebra, o processo também é feito em silicone. Já a prótese ocular é totalmente manual. Para o protesista, o trabalho vai muito além da técnica.

Para quem recebe a prótese, é uma chance de recomeçar e voltar a viver com dignidade. “Eu só tenho que agradecer. Agradeço às minhas amigas, à minha família e ao Amaral Carvalho, que Deus abençoe. A vida continua. Agora eu já acostumei e até peço um narizinho novo de vez em quando”, contou dona Beatriz.

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