Projetos de ciência cidadã impulsionam conhecimento sobre abelhas nativas
Iniciativas de monitoramento reuniram 600 participantes ao todo. Bancos de dados
podem ser acessados livremente pela população.
DE ONDE VEIO A IDEIA
Um projeto de ciência cidadã encontrou uma forma envolvente de aumentar a
geração de conhecimento sobre um grupo de insetos muito importante. Conhecida
como “Beekeep”, a iniciativa permite que pessoas sem formação acadêmica
contribuam para a pesquisa e conservação de abelhas nativas brasileiras por meio
da coleta de dados.
Em um dos protocolos criados pelo Beekeep, chamado de “Cidadão ASF”, os
participantes registraram as abelhas sem ferrão em vídeo e realizaram contagens
de entrada e saída delas nos ninhos, além de observar o transporte de pólen. Os
dados foram submetidos a uma plataforma digital, permitindo análises
colaborativas e validação por consenso.
“Para que um protocolo de coleta de dados científicos seja atraente para quem
vai executá-lo, é importante que ele seja relevante e simples de executar”,
comenta Natalia Pirani Ghilardi-Lopes, uma das coordenadoras do projeto Beekeep.
O protocolo teve a participação de 500 cientistas cidadãos.
Com o método, o projeto reuniu uma grande quantidade de informações sobre
espécies como a jataí (Tetragonisca angustula) e a mandaçaia (Melipona
mandacaia). O objetivo era compreender os horários de maior atividade dessas
abelhas e a influência do ambiente ao redor das colmeias, seja em áreas urbanas
ou rurais.
DE ONDE VEIO A IDEIA
O protocolo foi criado em 2020, durante a pandemia de Covid-19, por
pesquisadores da USP e da UFABC. O grupo decidiu planejar e aplicar um curso de
extensão online com o tema “Meliponicultura e ciência cidadã”.
O curso tinha como público-alvo criadores de abelhas sem-ferrão e tinha como
objetivo não apenas trabalhar conteúdos sobre a criação e manejo sustentável
dessas abelhas, mas também sobre a possibilidade de os próprios meliponicultores
estudarem e gerarem informações científicas úteis sobre essas espécies.
Nesse meio tempo, os cientistas elaboraram um protocolo de monitoramento da
atividade de voo das abelhas sem ferrão que eram criadas pelos meliponicultores
participantes do curso. Todas as aulas do curso estão disponíveis gratuitamente
no Youtube.
CONTAGEM DE VISITANTES EM FLORES
Além do “Cidadão ASF”, o Beekeep mantém outro protocolo de ciência cidadã que
foi adaptado de uma iniciativa desenvolvida no Reino Unido. O FIT Count tem como
objetivo levantar a quantidade de visitantes florais em determinadas espécies de plantas.
Para isso, cada cidadão cientista delimita uma área de 50 x 50 cm com a planta
de interesse. Nesse quadrado, é realizada a contagem cronometrada de 10 minutos
de todos os visitantes às flores contidas nessa área. Os dados então são
registrados em um aplicativo, que foi traduzido para o português e adaptado para
a biodiversidade brasileira.
Segundo ela, todos os dados gerados pelo FIT Count no Reino Unido, Chile, Brasil
e outros países parceiros ficam armazenados em bancos de dados no Reino Unido,
cujo acordo de uso permite o uso das informações por pesquisadores brasileiros.