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Prorrogada a quarentena em todas as cidades paulistas até 31 de maio

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), estendeu a quarentena no estado até 31 de maio. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (8), no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
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Desde 24 de março, apenas serviços essenciais estão abertos ao público no estado, como medida para conter o avanço do novo coronavírus. O prazo tem sido postergado várias vezes, segundo o governo isso é avaliado de acordo com a velocidade da contaminação no estado.

“É uma medida pela vida. Para evitar o colapso no sistema de saúde. Porque quando isso acontecer, paralisa tudo”, disse Doria.

Segundo ele, as medidas de isolamento estão poupando a vida de 51 pessoas em todo o Estado por dia. Até o dia 31 de maio, serão 3.246.

Pressionado por setores do mercado para autorizar a retomada da atividade econômica, Doria se defendeu, afirmando que adotar a quarentena “não é uma tarefa fácil, nenhum ser humano tem prazer em dar más notícias”, mas disse que a medida é importante para preservar vidas no que chamou de momento mais difícil da história do Brasil nos últimos 100 anos.

“Nenhum país do mundo conseguiu relaxar as medidas de isolamento social com a curva de contaminação em alta. Infelizmente, nas últimas semanas houve um desrespeito à quarentena, em São Paulo e em outras partes do Brasil, e o número de casos aumentou”, disse.

Não participou do anúncio o coordenador do comitê de contingência do vírus no estado, David Uip, que já foi contaminado e se recuperou. Ele afirmou que se sentiu mal na última quarta-feira (6), com alterações cardiológicas e clínicas, fez exames e foi orientado por médicos a se afastar temporariamente.

Em seu lugar no comando das ações no estado ficou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan.

Segundo ele, para relaxar as medidas de isolamento é preciso de dois indicadores: redução do número de novos casos por 14 dias em sequência e uma taxa de ocupação de leitos de UTI inferior a 60%.

Na Grande SP, a taxa de ocupação de leitos de UTI é de 89,6%. No estado como um todo, está em 70%.

A taxa de isolamento tem caído nos últimos 15 dias e, por vezes, ficado abaixo dos 50%. Segundo o secretário de Saúde, José Henrique Germann, isso fez acelerar o número de casos. “Se não conseguirmos uma taxa entre 55% e 60%, teremos problemas no atendimento dos pacientes”, afirmou ele, que disse que o estado está ampliando o número de leitos em hospitais, inclusive no Hospital das Clínicas.

Dimas Covas ressaltou que a decisão de prorrogar a quarentena foi unanimidade no corpo técnico, e mostrou projeções que previam que a esta altura haveria 700 mil casos confirmados no estado sem as medidas de isolamento, mais de 17 vezes o número que se tem hoje. Nas estimativas, também haveria 40 mil mortes a mais, de acordo com ele.

As estimativas também davam conta de que cada pessoa infectada transmitiria o vírus a mais três pessoas. Com as medidas de distanciamento e um índice de isolamento de 55%, a taxa de contágio passou para 1,16. Se o índice de isolamento chegasse a 70%, a taxa de contágio seria menor que 1.

O secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, chamou de “equívoco” a ideia de que as medidas de isolamento tem causado crise econômica. “Não é. É o contrário. A crise econômica tem sido causada pela pandemia. Isso parece óbvio”, afirmou.

Meirelles disse que as medidas de isolamento, na verdade, aceleram a retomada econômica. “Nós temos que, sim, fazer a extensão da quarentena, da maneira mais rigorosa possível, disciplinada”, afirmou.

“É muito importante por uma questão objetiva, econômica. Quanto mais rápida for controlada a evolução dos casos, mais rápido sairemos da crise, mais rápido vamos recuperar os empregos, a renda e arentabilidade e a sobrevivência das empresas”, disse o economista.

“Isso é muito importante para não invertemos o problema, porque nós estamos acostumados com crises que tiveram ou raízes financeiras, com 2008, ou raiz fiscal, como 2015. Aqui a razão é a pandemia, nós temos que controlar a razão. Isso falando de economia, sem nem mencionar o aspecto do direito básico do cidadão, que é a vida.”

O estado também anunciou um Conselho Municipalista com 16 prefeitos das cidades-sede de regiões administrativas, como Ribeirão Preto e Campinas, além de secretários estaduais, para elaborar e coordenar medidas a serem adotadas em âmbito estadual.

Embora as cidades do interior pressionem para ceder as medidas de contenção, na capital a tendência é de endurecimento. A partir da próxima segunda, começará na cidade um megarrodízio que tirará das ruas metade da frota de SP.

Desde quinta-feira, é obrigatório o uso de máscaras no estado de São Paulo para evitar a disseminação do novo coronavírus para qualquer um que saia às ruas e dentro de estabelecimentos que continuam abertos e repartições públicas.