Nesta quarta-feira, 03, o Diário do Estado falou com a psicóloga e professora Suely Faria, sobre a insegurança das famílias com a volta das aulas. Enfim, como lidar? “É uma pergunta que tem trazido muita inquietação para os pais e para as famílias. Habitualmente sempre são as mães que acompanham um pouco mais de perto a educação dos filhos, mas neste contexto da pandemia esse movimento de retorno às aulas, tão discutido e cheio de expectativas, tem trazido angústias que às vezes são mais para os adultos até, do que para os estudantes”, conta a profissional.
“As crianças até que esperam pelo retorno, até porque a escola é um local de socialização e isso contribui tanto para o desenvolvimento da criança quanto às habilidades sociais para a vida adulta”, ressalta a psicóloga. “É preciso lembrar que não só as famílias, mas os professores tiveram uma sobrecarga de trabalho na readaptação. O retorno presencial é sonhado tanto por professores, quantos pais e alunos”, afirma, aconselhando aos pais: “Durante as aulas remotas, é preciso certos cuidados com a rotina das crianças. Ela se ressente do volume de atividades que são atribuídas, porque o professor não está perto. É um stress“.
“O acompanhamento psicológico deve vir quando a pessoa já está um pouco mais grave nisso. Porque muitas vezes as pessoas ficam impressionadas e sobressaltas, e são situações que podem ser melhor conduzidas em casa ou perto de quem se confia. O contexto de uma ansiedade que aumenta, de um entristecimento, ou quando a pessoa começa a dizer que está sentindo aquele aperto no peito… são sinais que todos emitidos diante de situações que não podemos resolver. E para isso existem os profissionais, como os psicólogos“, alerta Suely Faria.
A psicóloga ensina que uma ferramenta possível para a identificação destas situações de vulnerabilidade que precisam de tratamento, é o diálogo. “Muitas vezes o diálogo não acontece em casa. Na pandemia, fomos levados a uma situação imediata de aprender a nos olhar, nos falar, e passarmos mais tempos. Isso trouxe reflexões e ressentimentos. No caso das crianças é muito importante. Negligenciar as necessidades emocionais delas interfere no desenvolvimento cognitivo, como o aprendizado e as habilidades, quanto em comportamentos de dependência e insegurança”, observa a coordenadora do curso de psicologia da Faculdade Estácio de Sá, em Goiás.
Para os professores, Suely orienta: “O professor lida invariavelmente com os problemas pessoais dos alunos, da escola, do método de ensino brasileiro… e além disso tem a expectativa do que ele poderá produzir enquanto aprendizagem. A auto-expectativa. Sempre digo que os professores gerenciam crises na sala de aula. Por tantas razões, é preciso que o professor compreenda que ele não consegue mudar o mundo. Ele também tem a vida pessoal, e o trabalho é o trabalho”, termina a entrevistada.
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