‘Vou acabar com a sua vida inteira’: quadrilha que vazava imagens íntimas de menores fazia ameaças e forçava automutilação de vítimas
O grupo agia conquistando a confiança das vítimas por meio de aplicativos de namoro ou outros meios virtuais. Após convencer as mulheres a enviarem fotos íntimas, os integrantes passavam a ameaçá-las com a divulgação das imagens.
Veja ameaças feitas por quadrilha que vazava imagens íntimas de jovens
A investigação da Polícia Civil contra uma quadrilha acusada de compartilhar imagens íntimas e humilhar vítimas descobriu ameaças feitas às jovens. Cinco homens foram presos na Operação Abraccio, nesta segunda-feira (30), e mais de 200 mil arquivos com fotos e vídeos de meninas e mulheres em situações degradantes foram apreendidos.
Em uma das conversas, um dos bandidos finge estar com ciúmes de uma vítima e ela se defende: “Meu Deus, eu não troquei mídia com ninguém enquanto estava com você. Por favor, não faz nada”. Então, ele responde desafiando-a a se automutilar: “Sabe usar uma gilete, cachorra? Vou acabar com sua vida inteira”.
Em outra conversa, o criminoso ameaçava vazar as imagens para a mãe de uma das jovens: “Prefiro que coma no pote do cachorro, comigo pisando na sua cabeça”. A jovem implora: “Cara, minha mãe não tem nada a ver com isso. Me vaza, mas não usa nome dela”.
A diretora do Departamento Geral de Polícia de Atendimento à Mulher (DGPAM) afirma que elas eram obrigadas a se mutilar, escrevendo os nomes dos homens em partes do corpo, para não terem as fotos vazadas.
A ação aconteceu em 21 municípios em 8 estados – Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Amazonas, Goiás, Piauí – e no Distrito Federal e contou com a participação de mais de 160 policiais.
Elas eram convencidas a participar de “desafios” que contavam com várias formas de violência.
PRISÕES
Os policiais civis cumpriram cinco mandados de prisão. Uma pessoa está foragida. Os presos são: Victor Bruno Tavares de Oliveira, 20 anos; Gustavo Barbosa da Silva, 19 anos; Gustavo Oliveira Viana, 18 anos; João Vitor Franca de Souza, 24 anos; Pedro Henrique da Silva Lourenço, 20 anos
A delegada Gabriela von Beauvais definiu as cenas das imagens apreendidas como “horrendas”. “É um grupo criminoso misógino que visava humilhar meninas e mulheres através de violência psicológica, violência física e violência sexual. Tudo virtualmente”, explicou.
Um dos presos é o militar da Aeronáutica Pedro Henrique Silva Lourenço que, de acordo com a polícia, é suspeito de aliciar as vítimas, que eram obrigadas a participar de “desafios” nos quais eram obrigadas a se automutilar. Quem não cumpria tinha imagens íntimas divulgadas.
Ele foi questionado, mas preferiu não se manifestar. Procurada, a Aeronáutica não respondeu.
A TV Globo não conseguiu contato com a defesa dos suspeitos até a última atualização desta reportagem.