Chefiada por mulheres, quadrilha tinha núcleo que treinava ‘mulas’ para enviar drogas de avião à Europa, diz PF
Segundo a investigação, grupo recrutava viajantes para levar cocaína em cápsulas ingeridas. A Polícia Federal de Campinas (SP) prendeu, nesta quarta-feira (3), a chefe de uma organização criminosa envolvida no tráfico internacional de drogas a partir de aeroportos brasileiros, como os de Viracopos, Guarulhos, Fortaleza e Corumbá. A prisão foi realizada em Alvorada (RS).
De acordo com a PF, a organização é composta, em sua maioria, por mulheres, e atuava de forma estruturada e dividida em dois núcleos para recrutar passageiros e transportar a droga. Uma outra integrante, apontada como a segunda pessoa na escala hierárquica da quadrilha, teve um mandado de prisão expedido em Fortaleza (CE) e está foragida. Segundo a investigação, o grupo recrutava viajantes para levar cocaína à Europa em cápsulas ingeridas.
Os destinos incluíam França, Espanha, Itália e Suíça. Ao todo, 22 pessoas foram identificadas como integrantes da quadrilha — sendo cinco cooptadores (quatro mulheres e um homem) e 17 transportadores (nove mulheres e oito homens). Quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Fortaleza, Alvorada e em Caucaia (CE). O alvo desses mandados é um trio de irmãos – três mulheres e um homem – que integra a organização criminosa. Foram apreendidos celulares, tablets e computadores.
Os investigados vão responder por tráfico internacional de drogas e organização criminosa, crimes que podem somar mais de 35 anos de prisão. A Justiça também autorizou o bloqueio de bens e valores dos investigados. As investigações continuam com o objetivo de identificar todos os membros da organização criminosa, definir suas funções e desarticular as atividades transnacionais de tráfico de drogas.
A ação faz parte da operação Nexus Aliciae, que começou após uma prisão em flagrante realizada no Aeroporto de Viracopos, em setembro de 2023. Na ocasião, uma mulher foi presa tentando embarcar para Paris com 563 gramas de cocaína ingeridas em cápsulas. O nome da operação, em latim, faz referência à rede interconectada (nexus) que atua por meio do aliciamento (aliciae) de pessoas para fins ilícitos. Desde o início das apurações, a PF realizou oito flagrantes e apreendeu drogas em aeroportos brasileiros e estrangeiros.