Quadrilha que adulterava cargas exportadas aliciava caminhoneiros em postos e no porto, diz polícia
Áudio interceptado pela polícia mostra integrante da quadrilha tentando
convencer motorista a participar do esquema. Suspeitos misturavam soja com areia
e fertilizante com calcário.
Polícia prende quadrilha que adulterava soja e fertilizantes
Investigações apontam que o grupo suspeito de furtar, adulterar e revender
ilegalmente cargas de soja e fertilizantes no Paraná abordava os caminhoneiros em postos de combustível e no Porto de
Paranaguá.
Em um áudio interceptado pela polícia, um dos integrantes da quadrilha tenta
convencer um motorista a participar do esquema.
“Se você falar: ‘Ó, vai passar perto da análise’, nós não mexe. Entendeu? Nós só
mexe quando vai para fazenda, vai chegar e descarregar. E produto que não dá pra
mexer, adubo que não dá pra mexer, que não fica parecido, nós também não mexe”,
afirma o suspeito.
31 pessoas foram presas durante uma operação contra o grupo criminoso.
De acordo com a polícia, as cargas desviadas eram levadas a armazéns
clandestinos, onde a soja era misturada com areia. Após a adulteração, os
produtos eram reembalados para simular origem legítima.
Os fertilizantes seguiam o mesmo processo. Segundo a investigação, após o
desvio, eram adulterados com materiais como calcário e silicato, reembalados e
revendidos ilegalmente.
Essa prática gerava prejuízos diretos a produtores rurais e comprometia a
produtividade das lavouras. A estimativa é que os prejuízos superam os R$ 15
milhões, além de colocar em risco a credibilidade do Brasil no mercado
internacional.
“É uma organização criminosa que vai muito além do motorista. Vai desde quem faz
a seleção dos caminhões a serem abordados, dos motoristas que foram cooptados
para mudar o trajeto, de quem faz a receptação, de quem fornece os barracões
para a mistura”, detalha o secretário de segurança pública, Hudson Leôncio
Teixeira.
INTENSIFICAÇÃO DOS PROTOCOLOS DE SEGURANÇA
Segundo Gabriel Perdonsini Vieira, diretor de operações portuárias no Porto de
Paranaguá, o porto notou um aumento nas tentativas de exportação de cargas
adulteradas nos últimos dois anos.
Para evitar que isso aconteça, o Porto de Paranaguá intensificou os protocolos
de segurança e de checagem das cargas.
“Nós temos a plena convicção de que hoje nossos processos e procedimentos
garantem a qualidade necessária das cargas para que possam ser exportadas,
afirma Vieira.