Não é fácil formar uma dupla sertaneja. O talento não é única questão que deve ser levada em conta, e o Diário do Estado preparou uma matéria especial exatamente para abordar esse processo. Para verificar como é feito essa conta e tudo o que pode ser levado em consideração, desde os primeiros passos até decolar nacionalmente, o DE entrevistou personalidades goianas carimbadas no ramo.
Os primeiros passos
Vinícius & Venâncio é uma dupla composta por dois irmãos gêmeos, naturais da cidade de Anápolis. Até o momento, eles já gravaram mais de 70 músicas, com quatro CDs, um EP e um DVD. Segundo o pai, Wendell, é difícil mensurar o gasto total para fazer os filhos decolarem no ramo musical.
“Quando é um projeto de família, como acontece com os meninos, é difícil precisar. Eu, por exemplo, sou um funcionário da rede privada e gasto com eles desde a compra dos primeiros instrumentos até gravação do primeiro CD”, descreve o empresário.
Segundo ele, foi necessário investir em violas, violões, teclado, guitarra e cajon. Ainda assim, falta algo para os anapolinos deslancharem de vez. “Comercialmente, ainda não temos viabilidade. O nosso sonho seria receber uma proposta de uma empresa ou um escritório que pudesse nos convidar para um projeto e seguir trabalhando”, afirma Wendell.
Os segredos da dupla sertaneja
Anselmo Troncoso é diretor artístico e entende de dupla sertaneja. Afinal de contas, já produziu para Jorge e Mateus, Gusttavo Lima, Bruno e Marrone, Matheus e Kauan, Leonardo e esteve nos bastidores das lives da Marília Mendonça.
“Esta conta exata não existe muito, porque é relativo. São variantes que fazem você ter um investimento relativamente pequeno ou alto. É até meio complexo pensar desta forma, porque realmente não tem uma fórmula”, explica Anselmo a respeito dos custos totais para montar uma dupla.
No entanto, ele descreve uma lista com sete pontos básicos rumo ao estrelato. Em primeiro lugar, é necessário que os membros de uma dupla tenham boa interação. Em segundo, vem o talento. Na sequência, a montagem de uma banda. Depois disso, vem a parte complicada.
O quarto passo é investir nas músicas. Nesta área, ou você é compositor ou precisará comprar canções de terceiros. É possível conseguir faixas de forma gratuita, enquanto outras custam R$ 10 mil, R$ 100 mil ou até R$ 1 milhão.
Em quinto lugar, os custos serão os de gravações. Um produtor musical é indispensável para reafinar os arranjos, organizar a voz, entre outros elementos. Alguns produtores gravam faixas por R$ 5 mil. Outros, por até R$ 150 mil.
O sexto quesito é o audiovisual. “Hoje não existe mais aquela coisa de gravar um disco, um CD, uma música se você não tem imagem. Obrigatoriamente, pela exigência de mercado e público, fatalmente é preciso ter o audiovisual”, afirma Anselmo.
A produção de videoclipes e o lançamento de músicas em plataformas se torna algo primordial. Na realidade, a divulgação é tão importante quanto o talento da dupla.
Por fim, os shows. Empresário para elaborar a agenda, produtor para vender, escritório para fazer contratos e cuidar da parte jurídica; todos são funcionários importantes no processo.
Gastos muito relativos
Em conclusão, os gastos para se montar uma dupla sertaneja são extremamente variáveis. Os caminhos de alguns artistas podem requerer mais investimentos, enquanto outros têm a chance de se tornar fenômenos da noite para o dia.
Ainda assim, Anselmo Troncoso alerta que até mesmo artistas pequenos precisarão passar pelas mesmas etapas. Além disso, o diretor artístico afirma que todas as etapas costumam acontecer ao mesmo tempo, o que demanda bastante comprometimento. De qualquer forma, a arte é assim. E com o sertanejo, não é diferente.