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Quatro jogadores são investigados por manipular resultados do Brasileirão

Última atualização 19/04/2023 | 09:04

Pelo menos seis partidas da Série A Brasileirão de 2022 tiveram os resultados manipulados com a ajuda de ao menos quatro jogadores, segundo o Ministério Público de Goiás (MP). Entre os investigados estão: Victor Ramos, ex-Palmeiras, Vasco e Vitória, e atualmente zagueiro na Chapecoense, Igor Cariús, lateral-esquerdo do Sport Recife, Kevin Lomonaco️️️, jogador do Red Bull Bragantino e Gabriel Tota, jogador do Esporte Clube Juventude. Confira os jogos manipulados:

  • Santos x Avaí (5/11) – jogador do Santos foi assediado para tomar um cartão amarelo;
  • Red Bull Bragantino x América Mineiro (5/11) –  atleta do Bragantino foi abordado para tomar um cartão amarelo;
  • Goiás x Juventude (5/11)- dois jogadores do Juventude foram assediados para tomar cartões amarelos;
  • Cuiabá x Palmeiras (5/11)- jogador do Cuiabá foi assediado para tomar cartão amarelo;
  • Santos x Botafogo (10/11)- atleta do Santos foi assediado para tomar cartão vermelho;
  • Juventude x Palmeiras (10/9)- jogador do Juventude foi assediado para tomar cartão amarelo.

Além do campeonato nacional, jogos de cinco campeonatos estaduais de 2023 também estão no escopo da Operação Penalidade Máxima II, deflagrada nesta terça-feira, 18. As partidas investigadas nos campeonatos estaduais são:

  • Campeonato Goiano: Goiás x Goiânia (12/2) – derrota do Goiânia no primeiro tempo;
  • Campeonato Gaúcho: Caxias x São Luiz de Ijuí (12/2)- jogador do São Luiz cometer pênalti;
  • Bento Gonçalves x Novo Hamburgo (11/2)-  jogador receber cartão amarelo;
  • Campeonato Paulista: Luverdense x Operário de Várzea Grande (11/2)- manipulação escanteios;
  • Campeonato Paulista Guarani x Portuguesa (8/2)- cartão amarelo.

Atletas recebiam até R$ 100 mil

A revelação dos jogos e o detalhamento do modus operandi do grupo criminoso ocorreu durante entrevista coletiva concedida na tarde de hoje pelo coordenador do Gaeco, promotor Rodney da Silva; pelo coordenador da operação, promotor Fernando Cesconeto; e pelo promotor integrante do Gaeco Marcelo Borges Amaral. 

Os atletas envolvidos receberiam entre R$ 70 mil e R$ 100 mil por pênaltis cometidos, escanteios e cartões amarelos e vermelhos nas partidas.  Os nomes dos suspeitos não foram revelados em obediência à Lei de Abuso de Autoridades.

De acordo com Fernando Cesconeto a partida Juventude x Palmeiras (10/9) acabou entrando na lista depois que um dos suspeitos, durante abordagem realizada hoje, apontou fraude também neste jogo. Rodney da Silva afirmou, durante a coletiva, que essa revelação pode indicar que o esquema pode ser ainda maior do que o apurado até agora. 

Mandados e prisões 

Foram cumpridos 20 mandados de busca e apreensão, sendo 1 em Goiás (um jogador de futebol em Goianira), 3 no Rio Grande do Sul, 3 em Santa Catarina, 1 no Rio de Janeiro, 2 em Pernambuco e 10 em São Paulo. Também foram cumpridos 3 mandados de prisão em São Paulo (nenhum contra jogador). Nos locais das prisões foram encontradas e apreendidas duas armas de fogo e granadas de efeito moral. Os suspeitos terão de explicar como conseguiram e como acessaram o material, por serem de uso restrito.   

O coordenador do Gaeco esclareceu que os investigados, caso sejam denunciados e as denúncias aceitas pela Justiça, irão responder pelos crimes de organização criminosa, corrupção (de acordo com o Estatuto do Torcedor) e ainda lavagem de dinheiro. Ele frisou que os clubes, as federações, a maioria dos jogadores e mesmo as casas de apostas são vítimas desses esquemas. “Toda aposta manipulada traz prejuízo para a casa de apostas”, pontuou.

Próximos passos 

Segundo Fernando Cesconeto, os trabalhos do MP agora se concentrarão na reunião e análise de material e interrogatório dos suspeitos, para só então definir os próximos passos. Ele deixou claro que não há prazo determinado para conclusão das investigações.  

Sobre a possibilidade de novas etapas da operação, Rodney da Silva afirmou: “Talvez não haja mais nenhuma, talvez haja mais dez”, a depender dos fatos novos que forem apurados. O coordenador do Gaeco disse ainda que cabe à sociedade, aos clubes, federações e entidades ligadas ao esporte desenvolver um trabalho conjunto preventivo para evitar que situações como essa se perpetuem. 

Nesta etapa, o Gaeco, com o apoio dos MPs de São Paulo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, focou as investigações em cinco jogos do Campeonato Brasileiro Série A 2022 e também outras cinco partidas de campeonatos estaduais realizadas entre janeiro e fevereiro deste ano.  

Novos investigados

A primeira fase da Operação Penalidade Máxima, realizada em fevereiro deste ano, ofereceu denúncia contra 14 pessoas, entre jogadores corrompidos e apostadores, por aliciamentos e intermediação de fraudes nos resultados de jogos. Segundo Fernando Cesconeto, nesta segunda fase há pessoas que já foram alvo das investigações naquele momento, mas também novos atores envolvidos.