A cotação do dólar passou por uma desvalorização no primeiro semestre de 2023. Após sete anos, a moeda americana registrou uma queda de R$ 5,23 para R$ 4,76 nesta segunda-feira, 26. Este é o menor câmbio desde maio de 2022.
Já o índice de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro calculado pelo Banco Central, o dólar PTAX, foi registrado um recuo de 8,36%, entre 1º de janeiro e 19 de junho. Este é o maior declínio para um primeiro semestre desde 2016, quando a cotação estava em 17,80%.
O fortalecimento da moeda brasileira reflete uma melhora no humor do mercado, que iniciou o ano com incertezas macroeconômicas globais e o governo do presidente Lula (PT).
Projeções
Nas eleições de 2022, as projeções feitas por institutos de pesquisas indicavam que o dólar estaria acima de R$ 5,40 em 2023. Em março, uma enquete dizia que ultrapassaria os R$ 5,30.
No entanto, boa parte dessa instabilidade foi atenuada e o País conseguiu se colocar como destino do capital estrangeiro entre os emergentes. “Temos reservas cambiais bastante robustas e uma certa estabilidade política e econômica, que muitos países emergentes não têm”, destaca Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank, à CNN.
A taxa de juros brasileira atual também tem ajudado a manter o real valorizado. Com o Selic no valor de 13,75% e a queda dos indicadores da inflação, o Brasil registrou o maior juro real do mundo – o que atrai investidores estrangeiros. Este movimento é chamado de carry trade e é bastante utilizado por empresários, que trazem o dinheiro ao Brasil onde os juros são maiores. Com mais dólares entrando no mercado brasileiro, o real consegue se fortalecer e estabilizar o preço.
Uma projeção do Boletim Focus, do Banco Central, indica que o dólar deve chegar ao R$ 5 até o final do ano. “Para o dólar voltar para R$ 5, duas coisas precisam acontecer: os juros dos EUA ficarem altos por mais tempo, o que atrai o dinheiro para lá; e os juros do Brasil caírem muito rápido”, explica o assessor financeiro Gabriel Moraes a CNN. “Se o BC baixar os juros em uma velocidade muito rápida, isso pode fazer o dólar se apreciar de novo. Talvez isso explique a tese do dólar aos R$ 5”.
A cotação do dólar é uma das variáveis mais difíceis de se prever no mercado e, por isso, especialistas não conseguem cravar exatamente a trajetória da moeda.