Quando se pensa que as eleições americanas de 2020 já deram pano para toda a sorte de mangas, 2021 chega como quem não quer nada e diz a que veio. É que uma proposta de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi apresentada nesta segunda-feira, 11, na Câmara dos Representantes. Detalhe: a nove dias do fim do mandato.
A proposta segue de pé no legislativo americano, mesmo depois do bilionário vir a público e afirmar que, após tomadas todas as medidas legais que lhe era cabível (para contestar o resultado das urnas), deixaria espaço para uma transição pacífica de poder. (Não foi dita citação literal, já que o vídeo desapareceu junto às contas de Trump, com as restrições do Twitter).
Após os eventos de invasão do Capitólio, no último dia 6, em que cinco pessoas morreram, os representantes do Partido Democrata justificam o impeachment por “incitação à insurreição”. Nancy Pelosi, presidente da Câmara, que tomou um vexativo “vácuo” do presidente e rasgou o seu discurso em resposta, já disse estar pronta para o impeachment. Trump esteve na “Save America March”, em Washington, mas condenou a violência e mandou a Guarda Nacional para o local, durante a invasão.
Se condenado, Trump perderia os benefícios concedidos a ex-presidentes, e os senadores poderiam votar para que ele perdesse seus direitos políticos de maneira permanente. Este é o segundo processo de impedimento enfrentado pelo presidente americano, já que o primeiro, em dezembro de 2019, foi barrado pelo Senado.
Dois terços do congresso (67 senadores e 290 representantes) precisam concordar para que Trump seja tirado, mas até 19 de janeiro a maioria é dele no Senado, o que deixa tudo improvável. No entanto, a partir do dia 20, as duas câmaras novas têm maioria democrata, e é possível que Donald Trump ainda sofra impeachment depois de sair do mandato, perdendo as vantagens de ex-presidente.