“Quero fazer uma revolução nesse meio”, diz influenciadora digital goiana com deficiência

A visibilidade nas mídias sociais atraiu muitas pessoas que fizeram da plataforma uma profissão e exposição de causas específicas. Pessoas com deficiência começaram a fazer parte da internet e ajudaram a sociedade a entender melhor esse público, no entanto, o mesmo movimento de conscientização esbarra no estereótipo. Com 31 mil seguidores, a goiana Letícia Silvério entende essa dinâmica e promete mostrar que a personalidade vem antes de qualquer limitação.

Ela já frequentou São Paulo e Rio de Janeiro provando roupas, divulgando marcas e gravando vídeos e clipes, inclusive com o vencedor do BBB 22, Arthur Aguiar. Com o tempo, o trabalho que rendeu o título de exemplo de superação foi o mesmo que passou a causar incômodo quando a jovem se tornou “a moça da prótese”. A influenciadora digital teve a perna esquerda amputada após complicações de um câncer diagnosticado aos 5 anos de idade e passou a utilizar o membro artificial.

Aos 27 anos, ela decidiu dar uma guinada na carreira. Estampar a bandeira da inclusão não basta. A publicitária quer mostrar que ela é mais do que uma pessoa com limitação física. Segundo ela, a rotina é quebrar um por dia mesmo fazendo parte de um correspondente por 25% da população brasileira que tem algum tipo de deficiência, segundo o IBGE. O ápice foi a participação em dois reality shows. Um foi o da Skol Beats no ano passado e outro de influenciadores digitais do Centro-Oeste, no qual ficou em terceiro lugar.

“Tendem a achar que deficiente é coitadinho, não namora, não curte, não dirige, não vai pra festa. A gente faz tudo de forma adaptada. Eu mesma faço de tudo e compartilho com meus seguidores. Estou com projetos e quero dar um boom na minha carreira. Quero ser ‘a Letícia’. Brinco que quero fazer uma revolução nesse meio porque estou saturada de ver como usam a imagem dos PCD’s para ganhar likes e não acreditam na causa”, afirma.

Letícia considera a influenciadora Pequena Lô como exemplo profissional. Na opinião dela, a humorista ganhou notoriedade pelo talento e não pela condição física. “Jamais vou abandonar a minha causa, mas quero chamar atenção para o fato de que as pessoas podem nos convidar para eventos e empregos porque somos capazes e não para preencher cotas”, defende.

Maturidade

Para a relações públicas especialista em influenciadores digitais, Carol Angotti,  as marcas vêm melhorando muito no quesito inclusão. Ela considera que o público consegue perceber se há um envolvimento da marca com a causa ou se a contratação de publicidade apenas “cumpre tabela”. Além disso, a especialista acredita que há assunto e espaço para todos.

“Um influenciador se destaca por ter um nicho e por ter talento para se comunicar com quem consome aquele nicho. Na minha avaliação, ele deve ter qualidade na entrega do conteúdo e comprometimento com o trabalho. O influenciador é um formador de opinião dentro da rede social, então precisa haver uma coerência dentro disso”, diz.

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp