Questão da Odebrecht alonga debate no TSE

A sessão da manhã de hoje (8) no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a terceira dedicada à ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma-Temer, foi voltada à discussão da validade de depoimentos e provas relacionados à Construtora Odebrecht.

A validade foi contestada pelas defesas de Dilma Rousseff e Michel Temer, que alegaram não ser possível apreciar tais provas, por não estarem englobadas pelos 21 itens inicialmente contestados pelo PSDB no momento da abertura da ação.

O relator, ministro Herman Benjamin, rejeitou a tese. Para ele, a contestação inicial do PSDB engloba as irregularidades apontadas nos depoimentos de executivos da Odebrecht ao TSE, pois o partido relacionou a empreiteira no rol de empresas suspeitas de desviar recursos da Petrobras para a campanha da chapa Dilma-Temer, conforme indícios revelados pela Operação Lava Jato.

Ele citou decisão de 2015, em que o plenário do TSE autorizou a investigação sobre delatores da Lava Jato na ação, incluindo aqueles que citaram expressamente a Odebrecht como líder do “ataque” à Petrobras. “Não vou rasgar decisão deste tribunal”, afirmou. Benjamin leu o voto proferido à época pelo ministro Gilmar Mendes, que protestou: “Não queira atribuir a mim”.

Sobre a questão, os ministros Admar Gonzaga e Napoleão Nunes se posicionaram pela retirada da chamada “fase Odebrecht” do julgamento. Eles argumentaram que os questionamentos iniciais do PSDB em relação à empreiteira não diziam respeito à eleição de 2014, objeto da ação, mas a irregularidades em anos anteriores.

Além disso, os dois ministros disseram haver um limite temporal, imposto pela legislação eleitoral, para que sejam feitos questionamentos relacionados ao pleito de 2014, e que os fatos relacionados à Odebrecht foram acrescentados à ação após esse prazo.

“São freios que nos impedem de, por exemplo, trazer agora, numa interpretação amplificada, por que não a JBS?”, indagou Gonzaga, citando o recente acordo de delação premiada firmado entre executivos do frigorífico JBS e a foça-tarefa da Lava Jato, no qual teriam sido revelados outros indícios de irregularidades na campanha de 2014.

O ministro Tarcisio Vieira também se manifestou por desconsiderar algumas partes das provas da Odebrecht, sobretudo aquelas relacionadas a doações não declaradas, o chamado caixa 2. Ele destacou que o PSDB questionou, na petição inicial, somente irregularidades ligadas a doações oficiais da empreiteira para a campanha, em relação às quais pretende considerar as provas que tenham sido colhidas pelo TSE antes de 1º de março deste ano.

Os ministros Luiz Fux e Rosa Weber defenderam que a questão sequer seja votada em forma de preliminar, como querem as defesas de Dilma e Temer, mas que cada julgador fique livre para utilizar em seu convencimento as provas que considerar legítimas.

“Não podemos ser avestruzes”, disse Fux ao defender a validade das provas relacionadas à Odebrecht. Para ele e Rosa Weber, o TSE deve superar os debates sobre a regularidade do processo e seguir diretamente para as questões de mérito na ação.

A questão permanece indefinida. O ministro Gilmar Mendes indicou que deve se posicionar pela exclusão das provas relacionadas à Odebrecht, mas ainda não proferiu voto sobre o assunto. O julgamento foi interrompido para almoço e será retomado às 14h30.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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