“Químico ‘Alquimista’ preso por adulteração de produtos lácteos no RS: entenda o caso da operação Leite Compensado”

Quem é o ‘Alquimista’, químico preso na operação Leite Compensado por suspeita de adulterar produto no RS

Químico industrial Sérgio Alberto Seewald é suspeito de participar um esquema de adulteração de produtos lácteos para disfarçar a deterioração em uma fábrica em Taquara, diz MP.

MP identifica uso de soda cáustica e água oxigenada em produtos lácteos [https://s02.video.glbimg.com/x240/13176069.jpg]

Um dos presos na operação Leite Compensado, nesta quarta-feira (11), é o químico industrial Sérgio Alberto Seewald, conhecido como “Alquimista” e “Mago do Leite”. De acordo com o Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul, ele é suspeito de participar de um esquema que adulterava produtos lácteos estragados para disfarçar a má qualidade em uma fábrica em Taquara, na Região Metropolitana de Porto Alegre.

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A investigação afirma que os envolvidos adicionavam soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias são perigosas à saúde e usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados (entenda abaixo).

Em 2005, o suspeito foi absolvido em um caso similar. Já em 2014, ele foi alvo de uma investigação por práticas semelhantes em outra indústria de laticínios, localizada em Imigrante, no Vale do Taquari, em 2014. O químico estava impedido de atuar no setor e deveria utilizar uma tornozeleira eletrônica, conforme o MP.

A defesa de Sérgio Alberto Seewald sustenta que “ele não possui relação formal ou informal com a empresa Dielat”, alvo das investigações. Segundo o advogado Nicholas Horn, “trata-se de uma criação de fatos por parte do Ministério Público, que não enseja a verdade”. O representante do suspeito acrescenta que “todas as medidas necessárias para a sua soltura estão sendo tomadas”.

Além do químico, foram presos preventivamente um sócio-proprietário da empresa, Antonio Ricardo Colombo Sader; o diretor, Tales Bardo Laurindo; e um supervisor, Gustavo Lauck. Uma mulher, que teria dito a funcionários para apagarem possíveis provas, foi presa em flagrante. O nome dela não foi divulgado pelas autoridades.

A empresa Dielat manifestou “surpresa diante da divulgação de infundadas suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos por ela comercializados”. A companhia ainda afirmou que “os responsáveis pela empresa decidem interromper temporariamente as suas atividades, que serão imediatamente retomadas, com a mesma qualidade e compromisso, assim que superada a presente situação momentânea e finalizadas as necessárias investigações, com a certeza de que será finalmente demonstrada a absoluta regularidade de seus procedimentos e a excelente dos produtos disponibilizados ao mercado consumidor”.

DE [https://DE.globo.com/] e a RBS TV tentam contato com as defesas dos outros quatro presos na operação.

FÓRMULA DA ADULTERAÇÃO

1 de 3 Caderno com fórmulas apreendido pelo MP durante operação Leite Compensado no RS — Foto: Vítor Rosa/RBS TV

Segundo o MP, Sérgio Alberto Seewald é suspeito de fazer a fórmula química utilizada para mascarar a adulteração e evitar que ela fosse descoberta pelos fiscais do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Os investigadores encontraram, em uma das salas da empresa, um caderno com a fórmula que teria sido utilizada no esquema.

> “Para surpresa nossa, encontramos a fórmula daquilo que nós sabíamos que era praticado na empresa. A adição de soda cáustica para mascarar situação de leite ácido, de leite impróprio para consumo”, diz o promotor Mauro Rochembach.

Em 2023, quando a operação Leite Compensado completou 10 anos, o DE explicou como funciona a adulteração. A soda cáustica e a água oxigenada são usadas para equilibrar acidez de leite envelhecido, ou seja, para melhorar a qualidade da bebida estragada.

“Além de ajustar o pH e mascarar a acidez do leite, essas substâncias são usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, o que representa graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico”, afirma o promotor.

Em outros casos, o MP detectou a adição de água e de ureia na bebida. A água aumentava o volume do produto e, consequentemente, o lucro das vendas. Já a ureia mascarava a adição de água.

2 de 3 Fiscais recolhem amostras de leite em indústria de Taquara — Foto: Reprodução/RBS TV

INVESTIGAÇÃO

A empresa Dielat é responsável pelas marcas Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, no Brasil. A companhia também produz itens da marca Tigo, vendida na Venezuela.

O MP também cumpriu 16 de busca e apreensão em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé, no Rio Grande do Sul, e em São Paulo.

Exames detalhados estão em andamento para identificar com precisão os lotes contaminados, uma vez que as novas fórmulas usadas pelos fraudadores dificultam a identificação de substâncias nocivas nas análises preliminares. As autoridades reforçam a necessidade de maior fiscalização para evitar que práticas como essas sigam colocando a saúde da população em risco.

Na tarde desta quarta, a Vigilância Sanitária do RS orientou os órgãos de fiscalização dos municípios para que promovam a “interdição cautelar” dos produtos, caso eles sejam encontrados em mercados. A medida vale até a conclusão das análises do Ministério da Agricultura.

3 de 3 Fábrica de produtos lácteos é suspeita de adicionar soda cáustica para fraudar fiscalização de leite no RS — Foto: RBS TV/Reprodução

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Chef cria ‘limão doce’ e manga com gengibre para enganar paladar: frutas fake que encantam os sentidos

Frutas fake: chef cria ‘limão doce’ e manga com gengibre para enganar os sentidos

Empreendedora de Curitiba apostou em produto pouco conhecido para se destacar no ramo de confeitaria. Para especialista, cenário para quem empreende no setor é positivo, impulsinado desde a pandemia.

Azedo ou doce? Chef cria sobremesas que imitam frutas

Quando a vida deu um limão à empresária Juliana Demário, de 43 anos, ela resolveu fazer… um doce idêntico à fruta. A chef, que mora em Curitiba, apostou em uma ramo da confeitaria em que sobremesas criam ilusões, imitando objetos ou, no caso dela, frutas. Na culinária, a técnica é chamada de entremet. As criações realistas da empreendedora despertam curiosidade, especialmente nas redes. Os limões feitos por ela tem recheio de gel de amora. Outro exemplo é a manga, que por dentro, tem a própria fruta misturada com gengibre. Além das redes, os doces também estão na vitrine da loja física de Juliana, que, em um primeiro momento, pode até parecer um horti-fruti, mas é uma confeitaria. Os valores de cada doce variam de R$ 30 a R$ 40, e a produção semanal é de cerca de 500 itens.

A chef explica que a técnica é inspirada na ideia do confeiteiro francês Cédric Grolet, famoso nas redes sociais e que soma mais de 11 milhões de seguidores. Segundo ela, no entremet do confeiteiro Cedric, a receita tenta imitar o gosto real do que ela estiver recriando. Se a sobremesa for um limão, o gosto será mais próximo de um limão. Na receita de Juliana, o cliente enxerga a fruta, mas ao experimentar sente a mistura do toque cítrico e do doce, bem longe do sabor original que a fruta tem.

O negócio criado por Juliana é uma das 716.192 Microempresas (ME) e Empresas de Pequeno Porte (EPP) registradas no Paraná. Especificamente sobre as confeitarias, o cenário econômico é positivo, uma vez que o setor apresentou crescimento nos últimos anos. Veja números abaixo. O Paraná conta com 4.525 confeitarias. Curitiba lidera o ranking, com 2.081 pequenos empreendimentos. Em segundo lugar aparece Londrina, com 482 confeitarias, seguida de Maringá, com 348. Confira os dados no gráfico acima.

Entre os possíveis motivos que impulsionaram este crescimento está o aumento do consumo das chamadas comfort food – gastronomia afetiva, em tradução livre, como explica Giubertoni. Segundo a consultora, muitas pessoas passaram a buscar mais conforto na comida, assim os doces e bolos se tornaram uma maneira de trazer alegria em tempos difíceis, como foi na pandemia. Além disso, a consultora destaca que a pandemia possibilitou chefs e confeiteiros a aproveitarem o isolamento para buscar formas de se criar novos produtos, o que trouxe uma onda de inovação e ajudou o setor a se destacar.

No caso de Juliana, ela resolveu apostar no segmento em 2019. Houve dificuldade em fazer o negócio engrenar porque, segundo ela, era uma época em que as pessoas não entendiam a proposta e, por isso, os doces não despartavam tanto interesse. Na pandemia, porém, o cenário mudou e o setor da confeitaria ganhou destaque, como apontam dados da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP). Em 2021, o mercado de panificação e confeitaria faturou R$ 105,85 bilhões no país, um crescimento de 15,3% em relação a 2020.

Com colaboração de Caroline Maltaca, assistente de produtos digitais do g1 Paraná.

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