Rã símbolo de Florianópolis tem modo de reprodução único e sofre com risco de extinção
Reconhecida como espécie símbolo desde 2020, a rã é listada como “Vulnerável” nas listas estadual, nacional e internacional de espécies ameaçadas de extinção. O animal não tem fase aquática, em lagoas.
A ‘rã-manezinha’ é espécie símbolo de Florianópolis e está ameaçada de extinção.
Pequena, discreta e única na região insular de Florianópolis, a rã-manezinha (Ischnocnema manezinho) é uma espécie símbolo da biodiversidade da Ilha de Santa Catarina. Com apenas quatro centímetros de comprimento, apesar de viver escondida entre as pedras, troncos e fendas dos morros, está ameaçada de extinção. Listada como “Vulnerável” nas listas estadual, nacional e internacional de espécies ameaçadas, a rã-manezinha é alvo de ações de conservação do Plano Nacional para Anfíbios e Répteis Ameaçados da Região Sul.
Segundo o professor Selvino Neckel, do Departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a espécie enfrenta uma combinação de ameaças: além de viver apenas na ilha, ela tem um modo de reprodução particular. Ao contrário da maioria dos anfíbios, não passa pela fase de girino nem depende de água parada. Seus ovos são depositados em locais úmidos e dali já nascem pequenas rãs formadas. “Ela não tem uma fase aquática, em lagoas, nada. O que ela precisa é de umidade. Por isso, o desmatamento e o avanço urbano sobre áreas de preservação afetam diretamente o ciclo de vida da espécie”, explica Neckel.
A rã-manezinha vive principalmente nas regiões de morros, onde estão localizadas unidades de conservação ambiental. A espécie possui coloração que varia entre tons de marrom e amarelo, com manchas espalhadas pelo corpo. As fêmeas são maiores que os machos. De hábitos noturnos, é possível ouvir a vocalização da rã no final da tarde, quando são emitidas de 6 a 11 notas, sendo as últimas mais altas e agudas.
Além de seu valor ecológico, a rã-manezinha também foi oficialmente reconhecida como espécie símbolo de Florianópolis em 2020, depois de um projeto apresentado pelo biólogo Matheus Haddad, com apoio de Neckel. A proposta surgiu em meio a debates sobre o Plano Diretor da cidade, como forma de reforçar a necessidade de proteger o patrimônio natural da ilha. Na época, o professor explicou que alguns políticos queriam flexibilizar o uso das áreas de preservação permanente em nome do crescimento econômico, enquanto outros buscavam construir uma legislação mais eficaz para a proteção das espécies ameaçadas. Por isso, o título de espécie símbolo é fundamental para a conservação da espécie.
Em relação às características da ‘rã-manezinha’, ela mede até 4 cm, possui coloração que varia entre tons de marrom e amarelo, emite de 6 a 11 notas, sendo as últimas mais altas e agudas, vive escondida entre as pedras, troncos e fendas dos morros, tem hábitos noturnos e não passa pela fase de girino nem depende de água parada.