Racismo religioso no BBB chama atenção para registro desse tipo de crime

racismo

O comportamento desrespeitoso da BBB Key Alves está mobilizando a internet. A participante do reality show está sendo acusada de racismo religioso e chegou a receber um puxão de orelha ao vivo do apresentador Tadeu Schmidt. Algumas pessoas estão pedindo a prisão dela e de outros dois brothers. A crítica começou após a jogadora de vôlei afirmar que desistiria do programa ao ver o colega Nicácio, que é candomblecista, rezando. 

 

“Nem fodend*, nem fodend*. Pode parar com essa porr*! Eu falei para você, eu não estou louca. Eu vou apertar o botão, eu não fico aqui se essa porr* estiver acontecendo”, disse Key em uma conversa com Cristian Vanelli e Gustavo “Cowboy” ao reagir ao que interpretou como um ataque espiritual. 

 

O comentário dela ocorreu em seguida a uma observação de Cristian, que afirmou ter visto Nicácio parado em frente à cama do brother e da sister. “Eu não sei [o que ele fez]. Eu estou cagado de medo. Ele estava parado, fazendo uns negócios com os negócios dele. Eu comecei a ficar mal, aí eu rezei, também”, disse.

 

A prática de racismo religioso é a discriminação dos negros pelas religiões de matriz africana. A pena é de dois a cinco anos de prisão e multa, sendo aumentada pela metade se o crime for cometido por duas ou mais pessoas. Antes, a lei estabelecia pena de um a três anos de reclusão. A diferença para a intolerância religiosa é que, neste caso, não há componente racial na conduta.

 

Em Goiás, houve 16 ocorrências em 2021 e 13 em 2022. Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSPGO), que faz uma ressalva em relação ao total de vítimas. “Os números referem-se ao total de ocorrências, podendo uma única ocorrência ter mais de uma vítima ou um mesmo indivíduo ser vítima de mais de uma natureza criminal em um mesmo fato”, informou a assessoria da pasta.

 

Os números divergem minimamente dos computados pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. No ano passado, foram 11 e no ano anterior, 16, segundo o órgão. As estatísticas consideram reclamações sobre interferência aos direitos de culto, crença e não crença. A maioria das vítimas segue religiões de matriz africana, embora existam diversas em todo o mundo. Por outro lado, grande parte dos preconceituosos são evangélicos, conforme o painel.

 

As vítimas em Goiás podem comunicar às autoridades na sede do Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri), no prédio anexo à sede da Escola Superior da Polícia Civil, no Jardim Bela Vista, em Goiânia. A Constituição Federal determina como inviolável a liberdade de consciência e de crença e ainda garante o livre exercício dos cultos religiosos. A proteção aos locais de culto e as suas liturgias também estão previstos no documento. 

 

 

 

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