Nunca imaginei ser agredida daquela forma’, diz recepcionista que apanhou de
filha de paciente em posto de saúde

Mulher e o irmão dela agrediram profissionais da saúde em Serra Azul, SP,
enquanto mãe aguardava atendimento. Caso será apurado como lesão corporal.

Funcionários são agredidos dentro de unidade de saúde em Serra Azul, SP

Funcionários são agredidos dentro de unidade de saúde em Serra Azul, SP

A recepcionista Maria Goretti de Faria, que aparece em um vídeo sendo agredida
pela filha de uma paciente na Unidade Mista de Saúde em Serra Azul (SP),
está em choque com o que viveu. Desde o episódio na quarta-feira (5), ela não
consegue dormir e lamenta as agressões.

> “Eu nunca fui atacada, eu nunca apanhei na minha vida, eu nunca levei um tapa,
> um soco, nunca me aconteceu e faz 16 anos que eu trabalho aqui na unidade. Em
> momento algum alguém me agrediu fisicamente. Em momento algum eu imaginei que
> ela já fosse chegar e me agredir daquela forma”, diz.

Os irmãos foram identificados pela polícia como Abrahão Luciano Dutra, de 25
anos, e Paloma da Silva Dutra, de 30 anos. Nas imagens gravadas pelas câmeras de
segurança da recepção (assista ao vídeo acima) é possível vê-los chegando com a
mãe, que estava em uma maca, por volta das 10h30.

Eles foram à recepção, deram a volta no balcão e entraram na área restrita aos
funcionários. Em seguida, Paloma deu um tapa no rosto de Maria Goretti,
que ficou sentada na cadeira, desnorteada. Na confusão, o irmão dela aproveitou
e pegou uma tesoura.

A recepcionista não entende o motivo. Segundo Goretti, os dois solicitaram uma
ambulância por volta das 10h20 e o atendimento foi rápido.

> “Pela demora da ambulância não foi, porque foi muito rápido. No momento em que
> eles me ligaram pedindo a ambulância, imediatamente eu passei o rádio e os
> meninos foram para a remoção da paciente.”

NOVAS AGRESSÕES NO INTERIOR DO PRÉDIO

Após Goretti ser agredida, o técnico de enfermagem Alencar dos Reis conseguiu
levar o casal até a mãe, que aguardava para ser examinada na observação. No
entanto, quando os profissionais de saúde pediram aos dois que deixassem o
quarto para o atendimento, as agressões recomeçaram.

Segundo Alencar, Abrahão usou a tesoura que pegou na recepção e passou a
golpeá-lo. Enquanto tentava se defender, ele recebia chutes de Poliana. Ele
ficou ferido no rosto e nos ombros.

> “Estou abalado psicologicamente. O nosso serviço aqui é salvar vidas, tem um
> juramento que eu fiz. A gente não esperava isso, a nossa prioridade era
> atender a mãe deles. A mãe estava doente, a prioridade era a paciente, mas
> eles vieram para cima, tiraram a atenção do atendimento da mãe. Perdemos tempo
> em atender a mãe.”

As agressões só cessaram quando a enfermeira Helen de Faria Gonçalves partiu
para cima de Abrahão e conseguiu quebrar a tesoura ao puxar o objeto das mãos
dele. Ela saiu do quarto e pediu ajuda aos motoristas que estavam do lado de
fora da unidade para conter o casal.

Durante a briga, Helen torceu o tornozelo. Ela está afastada do trabalho e
aguarda para fazer novos exames para saber se houve rompimento de ligamentos.

“Estou com dor, mas nunca passei por isso. Faz oito anos que estou nessa função,
mas estou em choque. Eu costumo me colocar no lugar dos pacientes, dos
acompanhantes, porque a gente tem que atender de uma forma justa, com humildade.
Temos dias bons, dias ruins, problemas pessoais, só que esses funcionários que
estavam ali são capazes, profissionais.”

INSEGURANÇA

O caso foi registrado pela Polícia Civil, e os irmãos devem responder por lesão
corporal. Eles foram ouvidos e liberados. Procurados, eles não foram localizados
para comentar o caso.

Com medo, Alencar, que já enfrentou situações difíceis no trato com o público,
espera que esse tipo de situação não volte a acontecer.

> “A gente não espera, não está preparado para isso. Espero que não aconteça de
> novo, porque ficamos balados e temos que continuar trabalhando.”

Helen pede que a segurança na unidade de saúde seja reforçada para que os
funcionários fiquem menos expostos.

“Aproveitando esse momento, eu peço ao pessoal que está na administração nova,
já tínhamos conversado com a anterior, que façam alguma coisa para melhorar a
recepção, eu espero que a partir disso a segurança possa acontecer de fato.”

A diretora do Departamento de Saúde de Serra Azul, Andreza
Giollo de Moura, disse que a prefeitura abriu uma licitação para compra de
equipamentos de segurança para a unidade e que estuda a contratação de vigias
para o local.