O Ministério Público do Rio de Janeiro recorreu da decisão da Justiça que absolveu os réus do caso do incêndio no Ninho do Urubu, que matou dez jovens atletas no CT do Flamengo em 2019. O recurso foi apresentado no processo na última sexta-feira (24) e recebido no mesmo dia pela juíza titular Clara Maria Vassali Costa Pereira da Silva, titular da 36ª Vara Criminal. Agora, o Ministério Público apresentará suas razões para o recurso, e os sete réus terão a oportunidade de se manifestar antes da decisão em segunda instância.
O juiz Tiago Fernandes de Barros chamou a denúncia de “genérica” e apontou que a perícia não alcançou o grau de certeza necessário para a condenação. No dia 8 de fevereiro de 2019, 10 jovens atletas das categorias de base do Flamengo morreram nas chamas causadas por um incêndio no Ninho do Urubu. De acordo com as investigações, o incêndio foi causado por um curto-circuito em um dos aparelhos de ar condicionado.
O juiz destacou contradições na acusação, mencionando que a falha na manutenção feita antes do incêndio não estava relacionada ao equipamento que pegou fogo. Além disso, apontou que as instalações do Ninho apresentavam falhas estruturais graves, como disjuntores superdimensionados e cabos subdimensionados. Entre os réus, estavam dirigentes do Flamengo e membros de empresas responsáveis pelas instalações elétricas e a manutenção do local.
Na decisão, o juiz ressaltou a ausência de conduta culposa por parte dos réus, argumentando que não foi possível vincular a culpa pelo incêndio a eles. Não houve ligação direta entre as ações dos réus e o início do incêndio, de acordo com a análise do magistrado. Ele também apontou dúvidas sobre a origem do incêndio, destacando que a perícia não conseguiu determinar com precisão o que causou as chamas no dormitório do CT George Helal.
O advogado que representa uma das empresas envolvidas no caso afirmou que a decisão corrigiu erros da investigação e destacou a falta de conclusão sobre a causa do incêndio. As famílias das vítimas ainda aguardam por respostas definitivas sobre o ocorrido. O ex-presidente do Flamengo, um dos réus, também se manifestou, ressaltando que a decisão permite que os verdadeiros culpados sejam identificados e responsabilizados.
O incêndio no Ninho do Urubu representou uma tragédia que resultou na morte de dez jovens atletas e ferimentos em mais três pessoas. As investigações apontaram para irregularidades no local, como a falta de alvará de funcionamento. O caso gerou grande comoção e mobilização por parte da justiça e das partes envolvidas. Agora, o recurso apresentado pelo Ministério Público busca revisar a decisão de absolvição dos réus e garantir que a justiça seja feita.




