Redenção: história de pioneirismo na abolição da escravatura no Ceará

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Redenção, um município localizado no interior do Ceará, é rico em história e pioneirismo. Foi a primeira cidade do estado e do Brasil a abolir a escravidão, em 1º de janeiro de 1883. Um marco histórico que é celebrado até os dias de hoje e refletido em monumentos como o Busto da Princesa Isabel e o Obelisco, localizados na Praça da Liberdade, que foram construídos em 1933 para celebrar o cinquentenário da abolição.

Além desses monumentos, destaca-se o painel “Negra Nua”, criado em 1968 pelo artista plástico Eduardo Pamplona, que retrata uma mulher negra em uma posição de celebração à liberdade, e a estátua de Vicente Mulato, construída em 2008 por Francisco Mendes Necreto. Ambos os monumentos ressaltam a importância da abolição da escravidão e a resistência dos escravizados.

Redenção tem sua história marcada pelo protagonismo e resistência dos negros, que mesmo diante das adversidades da escravização, organizaram movimentos e resistências. A cidade vive hoje desafios relacionados à educação, desenvolvimento humano e desigualdades sociais. A juventude local, por sua vez, encontra na arte uma nova forma de expressão e resistência.

O processo de abolição em Redenção e no Ceará está intrinsecamente ligado a fatores como a organização de sociedades liberais na economia, resistências dos próprios escravizados e contextos históricos como a seca e o tráfico interprovincial. Após a abolição, as populações negras enfrentaram desafios como falta de inclusão social, desigualdades educacionais e altos índices de violência policial.

Refletir sobre a história negra no Brasil vai além de narrativas estereotipadas de sofrimento e dor. É importante resgatar a memória e os protagonismos, como o papel das mulheres na luta pela abolição, como Preta Tia Simoa, e a resistência dos escravizados em diferentes contextos. A arte, por sua vez, tem sido uma ferramenta poderosa para ressignificar essa história e promover uma “renascença negra” no Ceará.

Projetos como o documentário REDENÇÃO 2083, de Antônio Wilame Júnior, e artistas locais como Mateus Fazeno Rock, Fluxo Marginal, Davi Sobreira, Crimes Passionais e Luiza Nobel, contribuem para uma nova narrativa sobre a negritude cearense. Essa renascença negra coloca o estado no mapa nacional das produções culturais e reforça a importância de ressignificar a história e valorizar as contribuições e resistências das populações negras.

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