Educação Ambiental de Piracicaba perde 75% dos funcionários em um ano e suspende atividades
Ex-colaboradores do Núcleo de Educação Ambiental (NEA) afirmaram sobrecarga de trabalho e ‘desarticulação’ de grupo, que contava com 12 funcionários em 2024 e, hoje, atua com três.
O Núcleo de Educação Ambiental (NEA) de Piracicaba passou por redução de 75% no número de funcionários em menos de um ano. A informação foi confirmada pela Prefeitura de Piracicaba a pedido do DE. Pessoas que trabalharam no grupo afirmaram que há uma espécie de “desarticulação” da educação ambiental na cidade – veja mais abaixo.
No final de 2024, eram 12 funcionários, entre educadores socioambientais, profissionais da biologia, assessoria de projetos e pedagogia.
Em outubro de 2025, o núcleo foi reduzido à atuação de um estagiário, um educador socioambiental e uma professora de educação infantil, que é a atual gestora da unidade.
IMPORTÂNCIA DO NEA
O Núcleo de Educação Ambiental (NEA) foi criado em 1996 para elaborar e executar projetos e programas de educação ambiental com visitantes de espaços públicos, professores, líderes comunitários, grupos da terceira idade, estudantes e iniciativa privada em Piracicaba. Hoje, ele é vinculado à Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente.
Entre os projetos tocados, estão ações com o Zoológico de Piracicaba, no Horto Florestal de Tupi, bacias hidrográficas da região, o Jardim Botânico, Viveiro de Mudas e o Rio Piracicaba.
CONSEQUÊNCIAS DA DIMINUIÇÃO
DE ouviu duas pessoas que foram funcionárias do NEA nos últimos anos e que pediram para não serem identificadas. Elas relataram que há uma espécie de “desarticulação” do NEA com a redução dos funcionários, o que gera sobrecarga dos que ficaram e diminuição das atividades ao público.
“Com dois funcionários à frente das atividades, não tem como dar conta da mesma frequência de antes. Tem atividades no zoológico, no viveiro, no jardim botânico… todas com visitas continuadas das escolas. Ainda continuam, mas não com a mesma frequência, porque quem faz a gestão também faz o planejamento, a execução e a avaliação das atividades”, afirma uma das pessoas que participaram do NEA.
Já a outra pessoa informou que se desligou do grupo por conta das condições de trabalho.
“A equipe do NEA tem sido gradativamente desarticulada. Até o fim do ano passado [2024], contávamos com profissionais capacitados para atuar como educadores, além de estagiários. Hoje, restam três. Além disso, a não recontratação de profissionais, como biólogos e técnicos efetivos, são exemplos de decisões administrativas que têm enfraquecido as políticas públicas ambientais da cidade”, afirma.
DE contatou a prefeitura de Piracicaba sobre as afirmações, mas não teve resposta até a última atualização desta reportagem.
ATIVIDADES SUSPENSAS
A prefeitura informou ao DE que houve a suspensão de duas atividades do NEA em 2025:
– Campanha Rio Vivo – Dia do Rio Piracicaba, que promove ações educativas e de conscientização ambiental voltadas à preservação do rio Piracicaba e de recursos hídricos, como limpeza do rio, plantio de mudas, exposições e jogos interativos.
– Animaférias, atividades gratuitas no Zoológico de Piracicaba com crianças durante as férias. Não houve a edição do meio do ano.
A administração informou que há 11 atividades em andamento e seis concluídas até 10 de outubro. DE questionou quais foram as datas das últimas atividades realizadas e das que estão em andamento, mas a prefeitura não respondeu até a última atualização desta reportagem.
Além disso, a prefeitura de Piracicaba não indicou pessoas do NEA para participar do atual mandato da Câmara Técnica de Educação Ambiental dos Comitês PCJ, grupo composto por municípios, empresas e sociedade civil para discutir, executar e avaliar ações de educação ambiental acerca dos recursos hídricos das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. A última indicação, segundo a Agência PCJ, foi para o mandato de julho de 2023 a julho de 2025.