Refluxo: da simples azia a um câncer

No dia 7 de abril é comemorado o Dia da Saúde. Médicos afirmam que a maioria das doenças, entre elas alguns tipos de câncer, podem ser evitadas com um estilo de vida mais saudável. A doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é um exemplo dessa afirmação.

A patologia, que atinge aproximadamente 30% da população adulta no Brasil, de acordo com dados da Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG),pode ser evitada com hábitos. Ela  afeta o sono, agrava doenças pulmonares como pneumonia, bronquite e asma, ocasiona inflamação das cordas vocais, úlcera e pode até evoluir para um câncer de esôfago.

A doença consiste no retorno involuntário e repetitivo do conteúdo do estômago para o esôfago. Os alimentos ingeridos passam pela pela faringe, pelo esôfago (tubo digestivo que desce pelo tórax) e caem no estômago, situado no abdômen. “Entre o esôfago e o estômago, existe uma válvula que se abre para dar passagem aos alimentos e se fecha imediatamente para impedir que o suco gástrico penetre no esôfago, pois a mucosa que o reveste não está preparada para receber uma substância tão irritante. O refluxo ocorre justamente quando há baixo tônus nesta válvula gastroesofágica”, explica o cirurgião do aparelho digestivo e especialista em  endoscopia digestiva, Eduardo Grecco (CRM 97960). 

De acordo com o especialista, os principais sintomas da doença são a azia, que é aquela famosa “queimação no estômago”; o refluxo propriamente dito, que é justamente a sensação do retorno do alimento ao esôfago; pigarro e dor na garganta. Além disso, tem a tosse seca contínua, situações de engasgo noturno e a ocorrência de uma dor torácica muito forte do lado esquerdo do peito.

Devido à doença do refluxo estar ligada a uma agressão crônica da mucosa do esôfago, principalmente na sua parte distal mais perto do estômago, que a princípio reage com inflamação (esofagite) e, se não tratada, pode evoluir para uma metaplasia, câncer.  “Essa agressão provoca a formação de um novo revestimento do esôfago, o epitélio de Barrett que, apesar de mais resistente ao refluxo, é geneticamente mais instável, podendo levar a um câncer do tipo adenocarcinoma. Já em nível mais proximal, perto da garganta, qualquer refluxo ácido é mal tolerado e gera inflamação e que também, se não for tratada, pode gerar um câncer nesta região”, explica. No entanto, o risco é pequeno.

Pessoas obesas podem apresentar mais risco de desenvolver a doença. “E, o pior, muitas vezes de forma mais acentuada e com maior risco de complicações”,  explica a gastroenterologista e endoscopista digestiva, Caroline Saad (CRM 20632 PR). Ela acrescenta que a obesidade possui uma relação direta com a DRGE, e quanto maior o volume de gordura abdominal do paciente, mais pressão será exercida sobre o estômago, ocasionando assim frequentes episódios de refluxo

Segundo o gastroenterologista Manoel Galvão, a maioria dos casos de refluxo podem ser tratados com mudanças no estilo de vida, assim como adaptação da dieta, sem necessitar de remédios. No entanto, em casos crônicos, “a DRGE não tem cura, mas tem controle, com tratamentos que trazem grande efetividade contribuindo muito para a qualidade de vida do paciente. Neste caso, além da necessidade de se adotar hábitos saudáveis e controlar o peso, é preciso lançar mão de medicamentos do tipo inibidores de bomba de prótons.”                       

A Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG) aponta que dos pacientes que sofrem de refluxo no País, 40% precisam fazer cirurgia. Nesse caso a indicada é a fundoplicatura, em que é feita uma válvula anti-refluxo com tecido do próprio estômago do paciente. 

Para tratar a doença deve-se procurar um gastroenterologista e para a realização de procedimentos cirúrgicos e endoscópicos durante o tratamento da doença, é preciso que o médico seja cirurgião geral com especialização em cirurgias gastrointestinais ou em endoscopia digestiva.

 

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Câncer de pele: Como identificar manchas perigosas e prevenir o risco

A gerente de enfermagem Renata vivenciou uma experiência que transformou sua perspectiva sobre cuidados com a saúde. Após ter sido orientada a realizar acompanhamento médico anual devido a uma lesão pré-cancerígena, ela negligenciou a recomendação. Anos depois, uma consulta devido a uma mancha no rosto a fez descobrir um melanoma em estágio inicial, um dos tipos mais agressivos de câncer de pele. A detecção precoce e remoção rápida garantiram um desfecho positivo.

O caso de Renata ressalta a importância do diagnóstico precoce no câncer de pele, a forma de tumor mais comum no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). O melanoma, em particular, é o tipo mais raro e agressivo, e o diagnóstico rápido pode ser decisivo para a cura. Marina Sahade, oncologista do Hospital Sírio-Libanês, destaca os principais sinais de alerta, como mudanças na cor, tamanho e textura de pintas ou manchas, além do aparecimento de sangramento ou coceira.

Como identificar manchas suspeitas? A dermatologista Luísa Juliatto, do Alta Diagnósticos, orienta que é preciso ficar atento a pintas novas, em crescimento, com cores variadas ou formas irregulares. Também é importante observar pintas antigas que apresentem alterações. Feridas que não cicatrizam, sangramento, dor ou crescimento rápido de uma lesão também são sinais que demandam atenção médica. Para confirmar se a mancha é cancerígena, exames como dermatoscopia e ultrassom dermatológico podem ser necessários. Quando há suspeita, a biópsia de pele é essencial para o diagnóstico final.

Juliatto recomenda consultas dermatológicas anuais, especialmente se não houver histórico de câncer na família. Caso contrário, é importante um acompanhamento mais próximo com o especialista.

Quais manchas não são perigosas? Nem todas as manchas na pele são preocupantes. Manchas solares, sardas (efélides), ceratoses seborreicas e melasma geralmente não são sinais de câncer. Além disso, os nevos comuns, conhecidos como pintas benignas, também não são motivo de alarme.

Fatores de risco e prevenção A exposição solar excessiva e repetitiva, especialmente durante a infância e adolescência, é o principal fator de risco para o câncer de pele. Pessoas com pele clara, olhos e cabelos claros, ou com histórico familiar de câncer de pele, têm maior predisposição à doença. No entanto, é importante ressaltar que até pessoas negras podem ser afetadas.

No caso de Renata, a pele clara e o histórico familiar de câncer de pele de seu pai contribuíram para o desenvolvimento do melanoma. Após o diagnóstico, ela passou a adotar medidas rigorosas para proteger sua pele, como o uso diário de bloqueador solar e roupas especiais de proteção UV, além de evitar a exposição ao sol nos horários de pico.

Para prevenir o câncer de pele, a dermatologista recomenda:

  • Aplicar protetor solar com FPS mínimo de 30 a cada duas horas;
  • Evitar exposição solar entre 10h e 15h;
  • Utilizar barreiras físicas, como roupas com tratamento UV, boné, óculos de sol e guarda-sol.

Essas precauções são essenciais para reduzir o risco de câncer de pele e garantir uma rotina de cuidados adequados com a saúde da pele.

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