Rei do Lixo negocia cargos na prefeitura de BH, revelam mensagens

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Rei do Lixo atuou por cargos em prefeitura de BH, mostram mensagens

PF cita mensagens em que Rei do Lixo negocia cargos na prefeitura cujo
secretário de educação foi alvo da operação Overclean

Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) [https://www.gov.br/pf/pt-br] na
operação Overclean apontam para a interferência do empresário José Marcos Moura
na indicação de cargos da prefeitura de Belo Horizonte (MG). O investigado é
apelidado de Rei do Lixo e um dos principais alvos da apuração.

A operação apura desvios milionários em contratos bancados com emendas
parlamentares. Moura foi alvo da 3ª fase da operação na última quinta-feira (3/4) por suposta obstrução de Justiça
[https://www.metropoles.com/colunas/fabio-serapiao/pf-apura-obstrucao-de-justica-de-rei-do-lixo-na-operacao-overclean].

Na mesma operação, o secretário de Educação da capital mineira, Bruno Barral,
foi afastado do cargo por decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal.

Na decisão que autorizou o afastamento, o ministro cita mensagens encontradas no celular de Moura com o então prefeito da capital mineira, Fuad Noman, morto no final de março
[https://www.metropoles.com/brasil/fuad-noman-prefeito-de-belo-horizonte-morre-aos-77-anos].

Os dois conversam sobre a formação e indicação do novo secretariado da
administração municipal após Fuad vencer a eleição em 2024. Segundo a PF, Fuad
primeiramente ofereceu ao Rei do Lixo as Secretarias de Combate à Fome e
Mobilidade Social, mas Moura também pediu a Secretaria de Educação, depois
ocupada por Barral. Ainda de acordo com a investigação, o empresário chegou a
insistir pelo cargo.

“A representação aponta, por fim, possível interferência da organização criminosa na Prefeitura de Belo Horizonte. Aduz a autoridade policial, a
propósito, que a análise do celular apreendido em poder de Marcos Moura revelou
conversas, por meio do WhatsApp, com o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman, sobre a formação das novas secretarias do município”, diz a decisão.

Em dado momento da negociação, segundo a decisão do STF, Fuad pede para que
Moura “abra mão”. Por fim, Bruno Barral acabou sendo indicado para a Secretaria
de Educação de Belo Horizonte. Ele estava no cargo até a última quinta (3/4),
quando foi afastado por determinação judicial na 3ª fase da Overclean.

“Durante a negociação, Fuad Noman pede para que Marcos Moura ‘abra mão’ do
governo, ao que Marcos solicita tempo para consultar Antônio Rueda (presidente
do União Brasil) e ACM Neto, demonstrando a articulação política de alto nível
do grupo. A conversa encerra-se em 3 de dezembro de 2024, com Marcos Moura
solicitando uma reunião presencial com o prefeito”, diz trecho da decisão.

Como mostrou a colunista Mirelle Pinheiro
[https://www.metropoles.com/colunas/mirelle-pinheiro/nova-fase-da-overclean-investiga-apadrinhados-do-uniao-brasil], a nova fase da Overclean avançou sobre apadrinhados do União Brasil ao afastar
do cargo o secretário de Educação de Belo Horizonte, Bruno Barral.

A nova fase é a primeira desde que o inquérito da Overclean subiu para o STF e
passou a ser relatado pelo ministro Kassio Nunes Marques. A PF enviou o caso ao
STF após encontrar indícios da participação do deputado Elmar Nascimento, também
do União Brasil, nos desvios investigados.

Overclean

A operação mira contratos milionários de empresas ligadas aos irmãos Alex e
Fabio Parente com órgãos federais, estaduais e municipais. Uma das empresas é a
Allpha Pavimentações, que recebeu, via Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas (DNOCS), R$ 67 milhões do governo federal, do total de cerca de R$ 150 milhões em contratos assinados entre 2021 e 2024.

Os pagamentos se iniciaram em junho de 2021, no governo de Jair Bolsonaro (PL),
e foram efetuados até julho de 2024, já sob Lula (PT).

Dados do Portal da Transparência [https://portaldatransparencia.gov.br/] do
governo federal mostram que a verba utilizada nos pagamentos tem origem na
rubrica que ficou conhecida como orçamento secreto. Alex Parente, sócio da
Allpha e de outras empresas, foi alvo de uma ação controlada da PF em 3 de
dezembro de 2024.

A PF abordou o avião em que ele se deslocava de Salvador para Brasília junto com
Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-chefe do Dnocs na Bahia. Com eles, foi encontrado
o que a PF chamou de “contabilidade clandestina” do grupo.

Em 10 de dezembro, sete dias após a apreensão dos documentos, a PF deflagrou a
primeira fase da Overclean.

A investigação teve início para apurar desvios em um contrato do Departamento
Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), mas expandiu seu foco após quebras de
sigilo telemático e gravações ambientais que mostraram a atuação de um grupo de
empresas em contratos milionários firmados com o governo federal e com
administrações estaduais e municipais.

A PF passou a analisar as informações contidas no material do avião e cruzá-las
com outras colhidas na investigação sobre desvios milionários em contratos com
DNOCS, estados e municípios.

O primeiro resultado desse cruzamento a análse foi a realização da 2ª fase da
Overclean
[https://www.metropoles.com/colunas/igor-gadelha/pf-prende-policial-e-mais-3-pessoas-em-nova-fase-da-operacao-overclean],
em 23 de dezembro, com a prisão de um policial federal; do vice-prefeito de
Lauro de Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro Neto; do secretário de Mobilidade
Urbana de Vitória da Conquista (BA), Lucas Dias; e de Carlos André Coelho,
apontado como operador do grupo.

Dias depois, em 15 janeiro de 2025, o caso foi enviado para o STF após o
surgimento de indícios sobre a participação de Elmar Nascimento.

DEFESA

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte disse que Bruno Barral foi
exonerado da Secretaria Municipal de Educação na quinta-feira passada, dia 3.

A defesa de José Marcos de Moura não respondeu aos contatos da coluna.

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