Press "Enter" to skip to content

Relator da CPI das Pirâmides Financeiras quer pedir condução coercitiva contra Ronaldinho Gaúcho

Última atualização 24/08/2023 | 16:43

O ex-jogador e camisa 10 da seleção brasileira de futebol, Ronaldinho Gaúcho, faltou novamente à convocação feita pela Comissão parlamentar de inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras. O encontro aconteceu em Brasília, nesta quinta-feira, 24. O deputado Ricardo Silva (PSD-SP), relator da comissão, informou que a justificativa dada por Ronaldinho foi insuficiente.

Ricardo afirmou que Ronaldinho não compareceu à CPI mediante justificativa de que não teria conseguido viajar para a Capital Federal por causa do tempo ruim, que gerou o cancelamento dos voos de Porto Alegre. A explicação dada pelo ex-jogador, entretanto, é insuficiente e não encontra amparo legal, segundo o deputado, e a CPI poderá pedir a condução coercitiva dele.

“Essa justificativa não encontra amparo legal, então compete a essa Comissão Parlamentar de Inquérito buscar os meios jurídicos e a condução coercitiva infelizmente nesse caso é medida que se impõe. Temos vários voos nesta manhã para Brasília, tivemos vários voos que pousaram em Brasília as 7h, por exemplo […] Mesmo que não tivesse, esse argumento de não ter o voo não é um argumento amparado pela lei. A lei fala que a convocação tem que ser cumprida, por que não se antecipou?”, afirmou.

A questão da condução coercitiva não é novidade, uma vez que na terça-feira, 22, o presidente da CPI, o deputado Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) havia dito que Ronaldinho e seu irmão poderiam ser alvo. “Se não estiverem aqui, nós iremos buscar condução coercitiva, vamos com força policial. Por quê? Não é pela condição de ser jogador ou não, de ser rico ou de ser pobre, e o senhor Ronaldinho tem muito a falar para essa CPI e ao povo brasileiro, ele e seus sócios”, disse.

Irmão de Ronaldinho compareceu

A CPI manteve a sessão e ouviu o depoimento do irmão de Ronaldinho, o empresário Roberto de Assis Moreira, que esteve na Câmara acompanhado do advogado, Sérgio Queiroz. O ex-camisa 10 da seleção, Assis e Marcelo Lara foram convocados para depor sobre a empresa que eles são proprietários, a 18K.

“A empresa afirmava trabalhar com trading e arbitragem de criptomoedas e prometia a seus clientes rendimentos de até 2% ao dia, supostamente baseado em operações com moedas digitais, o que levantou suspeitas de se tratar de uma pirâmide financeira devido às promessas de altos e rápidos retornos”, justificou Ricardo.

Segundo o relator, após o rompimento, Ronaldinho teria se envolvido em uma “pirâmide e sua imagem, dada sua credibilidade e popularidade, incentivou milhares de pessoas a investir em uma fraude, o que causou prejuízos a elas”, explicou.

No depoimento, as primeiras perguntas direcionadas à Assis foram feitas pelo próprio presidente da CPI, mas antes de cada pergunta o advogado conversava com o cliente, gerando indignação. “O advogado está aqui, ele pode orientar o depoente a responder ou a não responder, mas eu estou do lado e estou incomodado porque nós estamos interrogando o advogado, nós não estamos interrogando o senhor Roberto de Assis Moreira. Ele está ditando as respostas que o interrogado está dizendo nesta CPI”, disse Ricardo.

Em defesa, Queiroz disse que o cliente estava amparado por um habeas corpus. “Eu não vou deixar de me comunicar, a comunicação com o meu cliente é livre e eu vou me comunicar como o meu cliente sob pena de nós não respondermos a mais nada, porque está sendo cerceado o direito dele e o meu direito como profissional”, argumentou.

 Habeas Corpus

A defesa de Ronaldinho e Assis presentou um pedido de habeas corpus, na tentativa de que eles não precisassem comparecer à CPI. No entanto, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, determinou que eles deveriam comparecer, podendo inclusive ficar em silêncio em alguns temas para não se comprometerem.