Relatório aponta abandono, criminalidade e favelização nas estações da DE no Rio
Um relatório elaborado pela equipe do vereador Pedro Duarte (Novo), batizado de “Caos nos Trilhos: um retrato dos caminhos esquecidos”, aponta para um cenário de abandono nas estações da SuperVia, concessionária responsável pelos trens urbanos da Região Metropolitana do Rio.
Segundo o levantamento, realizado entre março e maio de 2025, ao menos 17 estações não possuem acessibilidade para cadeirantes, 11 não contavam com agentes de segurança nem câmeras de monitoramento funcionando no momento da vistoria, e 13 não oferecem banheiros aos passageiros.
Presidente da Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal do Rio (CAU), Pedro Duarte espera levar seu relatório ao Ministério Público Estadual, à Agetransp e à Secretaria Estadual de Transportes para cobrar providências.
A fiscalização percorreu 38 estações em sete ramais e extensões da malha ferroviária. O objetivo foi avaliar as condições estruturais, operacionais e de segurança do sistema, que transporta milhares de passageiros diariamente. O resultado, segundo o relatório, expõe uma rede marcada por desigualdade, precariedade e ausência de itens básicos para o atendimento digno à população.
Entre as estações sem qualquer estrutura de acessibilidade estão terminais importantes como Japeri, Paracambi, Jacarezinho e Senador Camará. Em muitos casos, não há rampas, elevadores ou plataformas adaptadas, o que impede o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida.
A insegurança também é um ponto crítico, de acordo com o relatório. Estações como Penha, Parada de Lucas, Guapimirim e Vila Inhomirim operavam sem qualquer vigilância presencial quando os fiscais fizeram a vistoria. Também não havia sistema de monitoramento por câmeras.
O levantamento da equipe do vereador Pedro Duarte também concluiu que a ausência de banheiros é outro problema recorrente. Em 13 das 38 estações visitadas, não há sanitários disponíveis para os usuários. Em locais como Realengo, Paciência e Costa Barros, a falta de estrutura leva passageiros a improvisarem, utilizando áreas da estação como mictórios a céu aberto.
Como o DE mostrou durante a última semana, o relatório também reforçou a existência de outros problemas já denunciados anteriormente, como a favelização ao longo da malha ferroviária, com construções irregulares próximas aos trilhos, e a evasão de tarifas, facilitada por falhas na estrutura das estações e ausência de controle de acesso.
SuperVia Concessionária de Transportes Ferroviários S.A iniciou oficialmente suas operações no Rio de Janeiro em 1º de novembro de 1998. Quase 30 anos depois, a empresa vem enfrentando uma crise crescente, agravada por dificuldades financeiras e problemas de infraestrutura.
A partir desta segunda-feira (30), a Câmara Municipal do Rio inaugura a exposição “Caos nos Trilhos”, que reúne imagens e vídeos sobre a precariedade da infraestrutura ferroviária da Região Metropolitana. A mostra, organizada pela Comissão de Assuntos Urbanos, traz 16 fotografias feitas pela equipe do vereador Pedro Duarte durante o período de fiscalização em 38 estações da SuperVia. A exposição é gratuita e ficará aberta ao público até o dia 8 de julho no Saguão José do Patrocínio, no Palácio Pedro Ernesto, sede da Câmara, na Cinelândia.