Relatório sobre mortes em confronto em Londrina conclui que policiais agiram em legítima defesa
Conclusão mostra ‘indícios de crime’, mas sem ‘ transgressão disciplinar’. O Ministério Público do Paraná (MP-PR) analisará o material do inquérito militar. Kelvin dos Santos, de 16 anos, e Wender da Costa, de 20, morreram após uma abordagem em fevereiro.
Câmera de segurança da distribuidora filmou os dois jovens comprando bebidas.
Foi concluído o inquérito militar que apurou a ação de três policiais militares na abordagem que antecedeu as mortes de Kelvin dos Santos, de 16 anos, e Wender da Costa, de 20, em Londrina, no norte do Paraná.
De acordo com o relatório, houve “indícios de crime”, mas sem “transgressão disciplinar nos envolvidos”. Deste modo, ficou decidido pelo 3º Comando Regional de Polícia Militar que os policiais agiram conforme a obrigação militar.
“[…] há elementos suficientes que comprovam a excludente de ilicitude, pelo fato de terem efetuado os disparos de arma de fogo em Legítima Defesa e estrito cumprimento do dever legal”, é a conclusão do inquérito.
A solução do inquérito policial militar foi protocolada nesta quarta-feira (23). Ela ainda cita que a versão apresentada pela família dos jovens, de que trata-se de uma execução, não se comprovou.
O inquérito detalha que os depoimentos dos policiais condizem às imagens colhidas no local e perícias realizadas.
O documento será encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR) que pode, ou não, pedir nova avaliação sobre o caso. Em seguida, será enviado à Justiça Militar Estadual.
Ainda não há previsão de data para publicação da sentença. Os policiais envolvidos retornaram ao serviço após um período de afastamento para acompanhamento psicológico.
A defesa das famílias informou, em nota enviada ao DE, que a “avaliação realizada diverge completamente do contexto fático” e que mantém “firme a convicção de que a verdade prevalecerá e a justiça será feita”.
A Polícia Civil do Paraná também investiga o caso.
RELEMBRE O CASO
Novas imagens mostram tiros e carro de jovens passando na rua antes deles morrerem.
Kelvin dos Santos, de 16 anos, e Wender da Costa, de 20, foram mortos após uma abordagem policial no dia 15 de fevereiro. Os dois eram moradores de Londrina e se conheciam porque trabalhavam juntos em um lava-rápido e em uma barbearia, que foi aberta por Wender.
De acordo com a família, eles saíram de carro para pegar bebida em uma distribuidora após Kelvin celebrar o aniversário da sobrinha de sua mãe.
Segundo o relatório da PM, a abordagem aconteceu por volta das 22h30, na Rua Belmiro de Oliveira, perto da BR-369.
O local fica perto do Jardim Nossa Senhora da Paz – popularmente chamado de Bratac – bairro em que Kelvin morava.
A suspeita, conforme a corporação, era de que o carro utilizado pelos dois havia sido usado para furtos na região.
Durante patrulhamento, a equipe Choque visualizou um veículo com as mesmas características do envolvido em furtos a residência. Na tentativa de abordagem houve reação por parte dos suspeitos, o que culminou em confronto armado. Sendo de pronto acionado socorro médico, é o que consta no boletim divulgado pela PM.
À época, o capitão da PM, Emerson Castro, disse em entrevista à RPC que os policiais viram que os jovens estavam “empunhando armas de fogo” no momento que a viatura estava ao lado do carro.
Londrina tem protestos violentos após mortes em confronto.
No dia 17 de fevereiro, Londrina registrou uma onda de manifestações violentas de protesto pelas mortes. Avenidas foram bloqueadas com objetos incendiados, ônibus foram apedrejados e queimados, e o transporte público ficou suspenso por aproximadamente oito horas.
Um dia depois, o secretário de Segurança Pública do Estado, Coronel Hudson Teixeira, viajou a Londrina e liderou operações para, de acordo com ele, “restabelecer a ordem” na cidade.
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