Títulos do Tesouro do Reino Unido a 30 anos atingem maior nível desde 1998
Rendimentos foram impulsionados pelas tarifas de 104% dos EUA sobre a China
Os rendimentos dos títulos do governo britânico de 30 anos atingiram seu nível
mais alto desde 1998 nesta quarta-feira (9), acompanhando a alta dos rendimentos
dos títulos do Tesouro americano de 30 anos durante a noite, impulsionada pelas
tarifas de 104% à China impostas por Trump.
O rendimento dos títulos do governo britânico de 30 anos atingiu 5,507% às
04h13, no horário de Brasília, uma alta de 16 pontos-base no dia e superando a
máxima anterior de várias décadas de 5,472%, estabelecida em janeiro.
Na segunda-feira (7), os rendimentos dos títulos do governo britânico de 30 anos
dispararam quase 19 pontos-base, a maior alta em um dia desde outubro de 2022,
após o fracasso do “mini-orçamento” da ex-primeira-ministra, Liz Truss.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro britânico de dez anos subiam 8
pontos-base, para 4,69%, às 04h26, horário de Brasília, enquanto os rendimentos
dos títulos do Tesouro britânico de dois anos (caíam 9 pontos-base, para 3,87%.
Os aumentos aconteceram ao mesmo tempo em que os investidores aumentavam as
apostas de que o Banco da Inglaterra
teria que cortar as taxas de juros este ano.
Os contratos futuros de juros precificam 85 pontos-base em cortes de juros pelo
Banco da Inglaterra em 2025 e veem um corte de pelo menos 0,25 ponto percentual
em 8 de maio, após a próxima reunião do Banco da Inglaterra, como quase certo,
com aproximadamente 10% de chance de um movimento maior, de meio ponto
percentual.
Antes de Trump detalhar seus planos tarifários na semana passada,
os mercados previam apenas 50% de chance de um corte nas taxas no próximo mês e
pouco mais de 50 pontos-base de flexibilização até e o final de 2025.
A ministra das Finanças, Rachel Reeves,
rebateu na terça-feira (8) as sugestões de que as tarifas de Trump a obrigariam
a suspender as regras fiscais destinadas a alcançar um orçamento atual
equilibrado até 2029/30.
Em uma atualização fiscal no mês passado, ela tinha apenas uma pequena margem de
manobra para atingir essa meta, que poderia ser anulada por custos de
empréstimos mais altos ou crescimento mais fraco.
“Rendimentos mais altos dificultarão politicamente a decisão sobre o que fazer a
seguir”, disse Michael Metcalfe, chefe de estratégia macroeconômica da State
Street Global Markets em Londres.
“Se os rendimentos subirem e permanecerem altos, isso causará problemas para a
posição fiscal do Reino Unido e poderá pressionar também a libra esterlina”,
acrescentou.