Resgate de corpos na mata após operação na Penha e Alemão: voluntários se mobilizam e revelam brutalidade policial

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Com kombi e 4×4, resgate a corpos na mata após operação que já dura 12 horas e deixa moradores indignados. Os complexos do Alemão e da Penha foram palco de uma megaoperação, que, de acordo com a contagem oficial, resultou em mais de 60 mortes na terça-feira. Diante do cenário, moradores se mobilizaram para resgatar os corpos das vítimas que acabaram na região de mata conhecida como Vacaria, localizada entre os dois conjuntos de favelas. Um grupo composto por voluntários e parentes das vítimas se dedicou a posicionar os corpos na Praça do Inter, na Vila Cruzeiro, desde às 21h. Até as 9h do dia seguinte, já haviam sido contabilizados 56 corpos pelos moradores.

Um dos voluntários que participou do resgate é um motoboy de 31 anos, morador do Complexo da Penha. Ele relata que a iniciativa estava programada para começar às 18h, mas devido aos tiros ainda sendo disparados na região, o resgate teve início cerca de três horas depois. Ao chegar no local onde os corpos estavam, acessível por um descampado de areia, o motoboy se deparou com uma cena aterrorizante.

O motoboy descreveu a situação como um filme de terror, com trilhas repletas de corpos e um forte cheiro de gás lacrimogênio no ar. Além disso, havia rastros de sangue por toda parte. Os primeiros corpos foram então colocados em uma kombi e transportados para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha. No entanto, o grupo acabou sendo abordado por policiais durante o resgate, que chegaram a ameaçar levá-los para a delegacia, o que os levou a optar por deixar os corpos em frente à Creche do Parque Proletário, na Vila Cruzeiro, em busca de segurança.

Segundo o relato do motoboy, eles se depararam com corpos de indivíduos com sinais de execução, como tiros na testa e até mesmo um com uma granada nas mãos. Essas cenas chocantes deixaram todos os envolvidos angustiados e tristes, especialmente por reconhecerem algumas das vítimas da infância que, ao longo do tempo, acabaram se envolvendo com o crime. A situação vivenciada no resgate dos corpos evidencia a brutalidade e a crueldade que marcou a ação policial nos complexos da Penha e do Alemão.

Diante de um cenário tão devastador, é fundamental que a sociedade reflita sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes e que respeitem os direitos humanos. O resgate dos corpos realizado pelos moradores da região revela a solidariedade e a indignação diante de uma situação de extrema violência. É preciso que as autoridades competentes investiguem e responsabilizem os envolvidos nessa operação que resultou em tantas mortes, garantindo justiça às famílias das vítimas e evitando que tragédias como essa se repitam no futuro.

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