O câncer de mama é o mais frequente entre mulheres no contexto mundial, segundo dados da Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC). No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é o câncer que mais provoca mortes de mulheres e o segundo com maior incidência, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Ainda que os dados gerem alerta, o Diário do Estado (DE) entrevistou Patrícia Trevenzol, que venceu o câncer de mama. Em meio ao Outubro Rosa, conheça a história da nutricionista que, por meio do tratamento efetivo, superou a doença.
Como tudo começou?
No final de 2021, Patrícia começou a sentir um pequeno caroço na mama, de 5 cm de diâmetro. Em janeiro de 2022, conseguiu marcar uma mastologista e fez exames de ultrassom e mamografia, que detectaram um cisto. O médico dela, na época, afirmou que a paciente não precisava se preocupar. Caso o cisto começasse a incomodar, era só ir até lá a fim de aspirá-lo.
O tempo foi passando. Em setembro do mesmo ano, Patrícia percebeu que o cisto estava aumentando muito de tamanho e ficando enrijecido, e manchas começaram a surgir na pele. Em dezembro, conseguiu fazer novos exames e, na virada para 2023, a biópsia confirmou a notícia.
Em oito meses, o problema passou de um tumor não detectado para 7 cm, um “crescimento assustadoramente rápido”. Patrícia conta que o tumor cresceu atrás do cisto e foi engolindo-o, o que também atrasou a sua percepção da doença.
O tratamento da doença
De acordo com Patrícia, o tratamento do câncer de mama mexe muito com a autoestima da mulher, principalmente por causa da queda dos cabelos. E como na grande maioria dos casos isto é inevitável, é importante se cuidar dentro do que é possível fazer.
“Não sou muito vaidosa, mas procurava sempre estar com uma maquiagem leve, usar mais acessórios como brincos, colares e pulseiras. Também fazia as unhas sempre que possível, com os devidos cuidados. Tudo isso faz a gente se sentir melhor”, comenta.
Apesar de todos os percalços, Patrícia afirma que levar o tratamento com mais leveza foi uma decisão e que em nenhum momento se entregou. “Claro que tiveram altos e baixos, mas graças a Deus os baixos foram poucos. Hoje o câncer de mama tem aproximadamente 95% de cura quando detectado no início. E mesmo aquelas que não são curadas, conseguem um bom controle da doença”, declara.
Após menos de um ano, Patrícia completou o tratamento e está bem de saúde. Foram 12 sessões de quimioterapia brancas e quatro vermelhas, e a paciente fez a mastectomia (retirada total do tecido mamário), mas conseguiu preservar pele e mamilo. Ela colocou prótese de silicone na mesma cirurgia e fez simetrização, e está tomando um remédio que precisará usar de cinco a dez anos.
“Eu tive muita resiliência, paciência com o processo e comigo mesma. Comecei a me priorizar, coisa que quase nunca eu faço e hoje estou tentando fazer mais. Entender que eu também sou importante e que eu não tenho que pensar só nos outros, mas em mim também”, declara.
Mesmo assim, Patrícia garante que, vivendo um dia de cada vez, não parou em hora nenhuma. Levava e buscava os filhos na escola, trabalhava, malhava. O apoio da família, inclusive, foi um dos fatores mais importantes no processo de recuperação.
Uma mensagem de esperança
Em um recado no Outubro Rosa para todas as mulheres, Patrícia aconselha a ter sempre esperanças, cuidar das emoções e tentar ao máximo conversar com as pessoas. Além disso, alimentar-se bem é essencial para manter as energias.
“Eu digo para elas que se cuidem, façam o autoexame todos os dias e não deixem passar. Tem muita gente que diz que quem procura acha, mas não, quem procura, cura. Se eu tivesse descoberto no comecinho, não teria perdido a mama inteira. […] Tudo passa, nada é eterno, nenhum sofrimento é eterno, temos que nos apegar à esperança e ao amor”, finaliza.