Fluminense faz reunião de SAF sob críticas da oposição e racha em base de Mário
Bittencourt
O clube apresenta nesta segunda estudo para transformação do futebol em empresa. Opositores questionam o conflito de interesses do presidente e também do banco assessor do processo.
Confira a íntegra da coletiva de Renato após a vitória do Fluminense
A menos de oito meses do fim de segundo mandato no Fluminense, o presidente Mário Bittencourt comanda neste noite de segunda-feira a reunião de “atualização do processo SAF” – conforme convocação mais recente do Conselho Deliberativo. Espera-se que o encontro na sede do clube sirva para apresentar estudos do banco – desde as dívidas que estão pelo menos na casa dos R$ 800 milhões até a ordem de investimento na futura SAF – que assessora o Fluminense no processo de possível transformação em Sociedade Anônima de Futebol.
A reunião começa a partir das 19h30 nas Laranjeiras, com segunda convocação às 20h, e está marcada pela curiosidade de torcedores tricolores e também por uma série de protestos. Desde opositores mais recentes até os mais antigos de Mário Bittencourt, a Flu TV transmite pelo YouTube.
De forte influência nos poderes do clube, tanto pelos dois mandatos à frente do Tricolor quanto pela longa estrada no Fluminense – e, claro, pelo inédito título da Libertadores – Mário caminha para aprovar a venda da SAF em meio a acusações da oposição de conflito de interesses na negociação.
O Fluminense contratou o BTG para assessoramento financeiro em meados de 2022. Foi contratado também para fazer o “valuation” – ou seja, calcular o valor de um ativo, no caso do clube – do Tricolor, o que, ao ver do presidente, não seria menor do que R$ 2 bilhões. No início, Mário apostava em um modelo em que o Fluminense não perderia o controle acionário do futebol, mas foi obrigado a rever o conceito depois de negativas do mercado.
O processo gera desgaste dentro do clube e racha na base aliada mais próxima de Mário. Coordenador de campanha de Mário nas últimas três eleições e agora ex-funcionário contratado do clube, Luís Monteagudo foi desligado pelo presidente no dia 11 de março. O presidente se sentiu traído por reunião do grupo Tricolor de Coração, do qual Monteagudo faz parte, para debater a SAF.
Monteagudo questiona a possibilidade de Mário virar CEO da futura SAF – o presidente do Fluminense não nega a possibilidade e costuma dizer que nunca foi condicionante do negócio. O CEO, como de praxe em clubes e empresas, teria remuneração mensal e mandato de cinco anos, renováveis por mais cinco – segundo informações do colunista Lauro Jardim, de “O Globo”.
Em requerimento enviado ao presidente do Conselho Deliberativo dias depois do desligamento no clube, Luís e mais 33 sócios pediram reunião para esclarecimentos da SAF e inclusão de uma “regra de quarentena” para impedir que gestores do clube – remunerados ou não – assumam qualquer cargo na SAF pelo período mínimo de seis anos para que se garanta a isenção dos agentes envolvidos na negociação.