A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, buscou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para tratar das prioridades do governo na Casa até o fim do ano. O encontro ocorreu em um momento tenso entre a Câmara e o Palácio do Planalto. Motta afirmou ao O Globo que foi uma reunião solicitada para discutir a pauta de interesse do governo.

Entre as questões essenciais para o governo está a aprovação do orçamento, crucial para garantir o fluxo regular das emendas parlamentares. Além disso, um projeto que amplia a tributação sobre bets e fintechs também é considerado prioridade, visto como relevante para a meta fiscal. A PEC da Segurança, que fortalece as atribuições da União na área, está no foco das atenções.

Enquanto busca avançar nessas pautas, o governo encara um novo obstáculo após Hugo Motta anunciar o rompimento político com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). A relação já estava desgastada, com debates sobre o PL Antifacção, cuja relatoria foi entregue por Motta à oposição.

De acordo com fontes próximas ao presidente da Câmara, Motta avalia que Lindbergh não cumpre acordos de votação e atribui responsabilidades à Mesa que, na visão dele, deveriam ser conduzidas pela articulação do governo. O rompimento foi confirmado por Motta em entrevista à Folha de S.Paulo.

Lindbergh respondeu nas redes sociais e afirmou que possíveis problemas de confiança entre o governo e o presidente da Câmara são resultado das escolhas políticas de Motta. O deputado classificou a postura de Motta como ‘imatura’ e declarou que suas posições são transparentes e previsíveis, mencionando episódios como votações sobre IOF e escolhas de relatores de projetos do Executivo feitas por Motta.

Antes do conflito se tornar público, Motta usou as redes sociais para apoiar o PL Antifacção e rebater críticas do ex-presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Isso coincidiu com os esforços do governo para alterar, no Senado, dispositivos considerados sensíveis.