Réus são condenados a mais de nove anos por estupro coletivo em Águas Lindas

Dois homens foram condenados a mais de nove anos de prisão pela prática de estupro coletivo contra uma mulher, em Águas Lindas de Goiás. O juiz Felipe Morais Barbosa acatou denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), e condenou os réus, sendo um deles policial militar do Distrito Federal. As penas são de 12 anos e 3 meses de reclusão para um deles, e em 9 anos, 9 meses e 18 dias de reclusão para o outro.

De acordo com a denúncia, em outubro de 2021, a vítima foi convidada a participar de uma festa e, na manhã do dia seguinte, resolveu dormir em um dos quartos da residência. Pouco tempo depois, o acusado policial entrou no local, colocou uma arma de fogo sobre a cama em que a mulher dormia, a fim de intimidá-la, e, em seguida, tiveram início os abusos.

Os acusados também foram condenados à reparação dos danos morais causados pelas infrações, no valor de R$ 15 mil, solidariamente para ambos os sentenciados. O acusado policial também foi indiciado em inquérito conduzido pela Justiça Militar do Distrito Federal, pelo crime de abandono de posto (artigo 9º, inciso II, alínea c, combinado com artigo 195 do Código Penal Militar).

Ele se encontrava em escala de serviço como fiscal do Batalhão da Polícia Militar no exato momento em que foi preso em flagrante pela Polícia Militar de Goiás pelo crime de estupro coletivo. A sentença ainda não transitou em julgado (não se tornou definitiva), podendo as partes ainda recorrerem ao Tribunal de Justiça de Goiás.

Sentença

O magistrado enfatizou que, ainda hoje, encontra-se arraigado no seio social o pensamento de que mulheres que fazem o uso de bebidas alcoólicas (ou outros entorpecentes) e se divertem são mulheres promíscuas. “A voluptuosidade do ‘segundo sexo’, exacerbada pelo consumo de álcool, é considera moralmente vergonhosa e provocadora dos instintos animais dos homens, reavivando impulsos sexuais incontroláveis”, diz a sentença.

Tal pensamento, segundo o magistrado, é arcaico do nosso paradigma hegemônico patriarcal e que precisa ser extirpado. O contexto de festa, diversão, roupas, entorpecentes, ou qualquer outro elemento que tangencie os fatos ocorridos, são desimportantes para a análise do delito. Isso por uma simples lógica – sexo não consentido é estupro.

“A negativa pode ocorrer a qualquer momento. Em circunstância alguma, ainda que preteritamente tenha havido insinuações, flertes, ou algo assemelhado, pode-se considerar que o comportamento da vítima tenha alguma relevância para o cometimento do delito”, salienta o juiz.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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