Diário do Estado que atendeu ocorrência de advogada morta ao cair do 8º andar diz ter sido orientado a liberar namorado da vítima
O caso que inicialmente foi tratado como suicídio teve uma reviravolta, e o namorado da vítima se tornou réu por homicídio. Carolina Magalhães morreu em 2022 em uma área nobre de BH.
Um policial militar que atendeu à ocorrência da morte da advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães, que caiu do 8º andar de um prédio em junho de 2022, afirmou em audiência na Justiça que não conduziu o então namorado dela, Raul Rodrigues Costa Lages, à delegacia por orientação de superiores. Segundo o Diário do Estado, o terceiro-sargento Vinicius Silvio Cruz Guimarães afirmou não saber de quem partiu a ordem para não encaminhar o namorado da vítima à delegacia. Após a reviravolta no caso, tratado inicialmente como suicídio, Lages se tornou réu sob a acusação de ter jogado a namorada do prédio, em área nobre da região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Na última quarta-feira (28), o policial afirmou que não se recorda de quem comunicou a decisão de não encaminhar o namorado da vítima à delegacia. Ele ainda disse que não vistoriou o carro do suspeito nem as sacolas que ele carregou logo após a tragédia, conforme mostraram as câmeras de segurança. O policial militar foi a primeira pessoa a ter contato com Raul após a morte de Carolina e também ouviu a família da vítima. Segundo ele, os familiares estavam consternados e contestando a hipótese de suicídio, mas essas informações não foram incluídas no boletim de ocorrência.
Segundo informações do Diário do Estado, a Polícia Civil de Minas Gerais concluiu o inquérito sobre a morte da advogada e o encaminhou à Justiça em agosto de 2024, e a Polícia Militar e a defesa de Raul Lages não se manifestaram até o momento.
Durante o depoimento, o policial afirmou ter isolado o apartamento até a chegada da perícia e posteriormente liberou o imóvel para os familiares. Também relatou que não acompanhou os trabalhos realizados pela equipe técnica. O militar também afirmou que não sabe quem ficou responsável por vistoriar o carro do suspeito e as sacolas que ele carregava.
A família de Carolina Magalhães apontou diversas falhas na investigação, que levaram Raul Lages a se tornar réu pelo possível feminicídio. Imagens de câmeras de segurança mostram Raul saindo do prédio carregando sacolas e uma mochila logo após a morte de Carolina. O inquérito policial destacou que as sacolas deveriam conter objetos de crucial importância para Raul, mas nunca foram periciadas pela Polícia Civil. A busca e apreensão na casa do acusado foram feitas onze meses após a morte.
O caso, que foi tratado como suicídio por dois anos, teve reviravoltas em novembro de 2024, quando Raul Lages se tornou réu por homicídio triplamente qualificado. Ele não chegou a ser preso e aguarda o julgamento, em liberdade. A família de Carolina questionou a falta de acesso às imagens das câmeras de segurança logo após o crime, o que poderia ter contribuído para esclarecer os fatos. As investigações continuam, e o desfecho desse caso ainda está em aberto.