O Rio de Janeiro (RJ) tem quase 600 fuzis apreendidos em 2025, aponta o Instituto de Segurança Pública (ISP); o maior número em 18 anos. O estado concentra 40% das apreensões de fuzis feitas no Brasil, com 593 armas retiradas das mãos de criminosos entre janeiro e setembro. Esses dados representam uma média de dois fuzis apreendidos por dia, marcando o maior volume de apreensões desde o início da série histórica.
A violência armada tem sido evidente no Rio de Janeiro, com recentes operações que resultaram na apreensão de 31 fuzis em comunidades controladas por facções criminosas e milícias. Na Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, 12 fuzis foram encontrados com milicianos que dormiam em uma construção abandonada. Em outra situação, um homem armado com fuzil trocou tiros com policiais militares durante uma perseguição em Mesquita.
Além das apreensões locais, o RJ lidera o ranking nacional, representando 40% dos fuzis apreendidos no Brasil até agosto. São Paulo ficou em segundo lugar, com 310 apreensões no mesmo período. Parte dessas armas é montada no país, com criminosos importando peças para a produção dos fuzis. Uma operação da Polícia Federal revelou uma fábrica clandestina em Santa Bárbara d’Oeste (SP) capaz de produzir até 3,5 mil fuzis por ano, destinados a facções no RJ.
Bruno Langeani, consultor do Instituto Sou da Paz, destaca que a dinâmica criminal no Rio é intensificada pela fragmentação de poder entre facções, resultando em confrontos frequentes. A mudança na legislação durante o governo Bolsonaro permitiu que caçadores e atiradores esportivos tivessem acesso a esse tipo de armamento, podendo adquirir até 30 unidades, o que contribui para o cenário de violência.
A presença de fuzis em crimes variados, como roubos e confrontos armados, tornou-se parte do cotidiano fluminense. Recentemente, dois homens em situação de rua foram mortos a tiros enquanto dormiam sob um viaduto em Irajá, com a confirmação de que um dos disparos foi feito com fuzil. Controlar o acesso e a circulação de munição é apontado como uma medida capaz de reduzir significativamente a violência armada em curto prazo no estado carioca.