O Estado do Rio de Janeiro está empenhado em retomar territórios dominados pelo crime organizado e enviou um plano ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reocupar áreas estratégicas. Um dos focos iniciais será o Cinturão de Jacarepaguá, que inclui as comunidades da Gardênia Azul, Muzema e Rio das Pedras, todas localizadas na Zona Sudoeste do Rio. O plano, chamado de Plano Estratégico de Reocupação Territorial, tem como objetivo implementar ações para restabelecer a ordem e eliminar a presença armada de organizações criminosas nessas regiões. Além disso, prevê a possível integração com as Forças Armadas e outras forças federais de segurança, se necessário.
O documento elaborado pela Secretaria Estadual de Segurança Pública apresenta cinco eixos temáticos que guiarão as ações de reocupação: Segurança Pública e Justiça, Desenvolvimento Social, Urbanismo e Infraestrutura, Desenvolvimento Econômico e Governança e Sustentabilidade. Para garantir o sucesso da operação, o plano inclui a presença de diversas instituições, como as Forças Armadas, Polícia Federal, Receita Federal e o COAF, no combate ao tráfico de drogas e lavagem de dinheiro.
Além disso, estão previstas a instalação de Bases Integradas de Segurança Territorial (BISTs) funcionando 24 horas, a criação de guarda municipal comunitária, a presença da Justiça Itinerante e postos avançados da Ouvidoria e da Defensoria Pública nas áreas retomadas. Becos, vielas e áreas degradadas serão requalificados, escolas públicas terão sistema de tempo integral com atividades extracurriculares, e locais com risco de domínio armado terão iluminação pública reforçada.
O plano também prevê a elaboração de programas de apoio familiar e combate ao aliciamento de crianças e adolescentes pelo crime, implementação de Wi-Fi livre em espaços coletivos, zonas especiais de regularização fundiária, fiscalização de loteamentos irregulares explorados pela milícia, criação de zonas de incentivo ao empreendedorismo e observatórios municipais de violência e criminalidade.
O Estado reconhece a importância de avaliar experiências passadas, como a implementação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), para evitar repetição de erros. O plano destaca a escolha estratégica do Cinturão de Jacarepaguá, que reflete diretamente em áreas vizinhas, como a Barra da Tijuca. Segundo estimativas da Secretaria de Segurança, o crime organizado lucrou bilhões na compra e venda de imóveis na região, além de controlar o fornecimento de internet, botijões de gás e outras atividades comerciais.
A retomada desses territórios representará um grande desafio para as autoridades, mas é vista como uma oportunidade de promover segurança, desenvolvimento social e econômico nas comunidades afetadas. Com a integração de diferentes órgãos e forças de segurança, o Estado do Rio de Janeiro busca restabelecer a lei e garantir a ordem pública nessas áreas dominadas pelo crime organizado.




