Rio revisa Reviver Centro: prioridades apontadas por especialistas

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Rio prepara revisão do Reviver Centro; especialistas apontam prioridades para nova fase do programa

Mudanças devem ser enviadas à Câmara ainda este ano. Construtoras querem ampliar incentivos, enquanto urbanistas pedem foco em moradia popular.

Criado há 4 anos, programa Reviver Centro entra em nova fase

A Prefeitura do Rio deve encaminhar até o fim do ano à Câmara de Vereadores a proposta de revisão do Reviver Centro, programa criado em 2021 para incentivar a ocupação residencial no coração da cidade.

Em fase obrigatória de ajustes bienais, o plano entra em um novo momento enquanto especialistas, construtores e urbanistas apresentam visões distintas sobre quais devem ser as prioridades para os próximos anos.

Criado há quatro anos, o Reviver Centro prevê incentivos fiscais, subsídios e regras especiais de construção para atrair novos moradores e recuperar prédios degradados.

Desde 2021, 61 empreendimentos foram licenciados, entre projetos residenciais e de uso misto, e 18 lançamentos já chegaram ao mercado, incluindo retrofits como o do Edifício A Noite, na Praça Mauá.

MORADORES AVALIAM

Para alguns compradores, a localização e o preço têm sido os principais atrativos. O militar Alexander Lopes Martins, que mora na Baixada Fluminense e aguarda as chaves do imóvel na Avenida Presidente Vargas, acredita que a mudança deve trazer mais qualidade de vida.

> “Eu demoro em média cerca de uma hora, uma hora vinte pra vir da Baixada pra cá (…) Essa questão de locomoção, o tempo, qualidade de vida. E vir morar aqui perto do trabalho”, disse.

Os bens estão distribuídos em 4 lotes, localizados na Rua do Teatro, no entorno do Largo de São Francisco de Paula.

A universitária Julia Griep, que comprou um apartamento no Bairro de Fátima, também destaca o custo-benefício.

> “Daqui você consegue ir pra todos os lugares (…) morar num lugar que você consiga pagar. Porque também tem essa questão do preço, né?! Porque Zona Sul é um preço absurdo”, afirmou.

CONSTRUÇÃO CIVIL DEFENDE AMPLIAR INCENTIVOS

A indústria da construção civil avalia que o programa já mostra resultados expressivos. Segundo o presidente do Sinduscon Rio, Claudio Hermolin, há uma tendência de aumento populacional na região.

> “Já temos hoje a expectativa de chegar ao fim de 2026 com o dobro da população do Centro do que nós tínhamos antes do Reviver”, disse.

Hermolin também destaca o salto de lançamentos após 2021. Segundo ele, 85% das unidades já foram vendidas.

“Antes da sanção do Reviver Centro, nós tivemos apenas três projetos lançados. (…) Hoje, já foram 18 projetos residenciais lançados, num total de quase 3.500 unidades”.

A principal demanda do setor é ampliar e diferenciar os incentivos da chamada Operação Interligada, mecanismo que permite usar créditos gerados no Centro para construir em bairros valorizados.

“Nós poderíamos incentivar mais a Zona Norte (…) se ele for transferido, por exemplo, pra Tijuca, poderiam ser três metros quadrados”, sugeriu.

URBANISTAS PEDEM MORADIA POPULAR

Pesquisadores defendem que a nova fase do programa priorize políticas habitacionais voltadas à população de baixa renda.

Para a professora da FAU/UFRJ Laisa Ströher, há um desvio de finalidade no momento.

“Esses novos empreendimentos tão muito ligados ao mercado de aluguel de curta temporada (…) tá mais incentivando a hospedagem do que a moradia em si”, disse.

Ela afirma que o Reviver Centro prevê instrumentos que ainda não saíram do papel, como programas de locação subsidiada e melhorias em cortiços e moradias precárias.

> “Não tem habitação de interesse social. Isso que a meu ver deveria ser a prioridade da Câmara de Vereadores, da prefeitura, dos gestores”, criticou.

REVISÃO OBRIGATÓRIA E PRÓXIMOS PASSOS

O secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Licenciamento, Gustavo Guerrante, explicou que a revisão está prevista na lei.

> “A legislação original (…) prevê essa revisão a cada dois anos. (…) Foi feita uma em 23, tem que ser feita uma agora em 25, justamente pra dosar essas medidas”, afirmou.

A prefeitura ainda não detalhou as mudanças que serão enviadas à Câmara, mas disse que cerca de 70% das aquisições no Centro e no Porto usam FGTS, indicando compra para moradia.

Sobre críticas ao uso de imóveis para aluguel de curta temporada, informou que a prática faz parte da dinâmica atual do mercado, mas não representa o conjunto de lançamentos do programa.

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