Rio tem, em média, um ônibus tomado para barricadas a cada dois dias em DE
Até esta segunda-feira (14), 57 ônibus já tinham sido sequestrados nos primeiros meses do ano. O número aumentou em relação ao ano anterior.
Rotina de medo nos ônibus do Rio: este ano, criminosos já sequestraram 57 veículos para usar como barricadas
Rotina de medo nos ônibus do Rio: este ano, criminosos já sequestraram 57 veículos para usar como barricadas
Cinquenta e sete ônibus foram tomados como barricadas por criminosos nos primeiros quatro meses de 2025 no município do Rio, segundo a RioÔnibus. O número representa uma média de um ônibus a cada dois dias.
O número foi divulgado na metade de abril. O principal intuito, de acordo com o órgão, é atrapalhar operações policiais no Rio.
Os bandidos rendem os motoristas, pegam as chaves e atravessam os veículos nas vias, como barricadas impedindo a passagem de carros ou veículos como blindados da polícia.
> “Os bandidos entram no ônibus, na maioria das vezes, tiram as chaves, impedindo que o motorista siga sua viagem com os passageiros. E muitas das vezes, eles são muito violentos, não só com o motorista, mas também com os passageiros. Eles tiram a chave, ameaçam a jogar fogo nos carros, é bem precário”, afirma um despachante que não quis se identificar.
Uma outra funcionária de uma empresa de ônibus conta que os motoristas, nessa situação, acabam indo para a casa por passarem mal de nervoso.
Até dia 14 de abril, 57 ônibus já tinham sido sequestrados nos primeiros meses do ano.
No ano passado, até o final de abril, foram 44 ônibus usados como barricadas em situações assim – o que mostra um aumento nesse ano.
“Toda vez que acontece um episódio desse de violência, nós fazemos um apelo para que as autoridades tomem providência. Nós entendemos que há condição de se resolver porque esses episódios são frequentes, mas acontecem sempre na mesma localidade e no mesmo horário e nas mesmas situações”, explica o diretor de comunicação do sindicato, Paulo Valente.
Os assaltos também aumentaram em 22% nos primeiros dois meses de 2025, na comparação com o ano anterior. O número já passa de mil.
Um motorista que tem 10 anos de experiência diz que há trechos críticos.
“Tem certos pontos que você já fica meio receoso, já começa a tremer, seu coração acelera pensando que você vai ser assaltado”, desabafa.
Um outro, com 20 anos de profissão, diz que o filho pede que ele deixe o emprego.
> “Eu tenho um filho que agora está com 14 anos, que pede: ‘Papai, sai desse trabalho, pai, ou tenta chegar mais cedo em casa. A gente acaba ficando refém do próprio dinheiro, da própria necessidade”, destaca ele.
Procurada, a Secretaria Estadual de Polícia Militar afirma que para prender os responsáveis por esses crimes usa como resposta rápida a mobilização de equipes do batalhão tático de motociclistas e do batalhão de rondas especiais e controle de multidões.
A PM diz ainda que o policiamento é reforçado no entorno das comunidades onde são feitas as operações policiais. Já a Polícia Civil disse que faz investigações para identificar e responsabilizar criminalmente os envolvidos nos crimes.