Ataques de Jair Bolsonaro contra as eleições de 2022, ameaça a Constituição, tentativas de destituir ministros do STF e exibições bélicas mobilizou diplomatas de grandes democracias para relatar e monitoras risco de ruptura no Brasil.
Com foco desde o início do governo antiambiental de Bolsonaro e no entrave ao acordo comercial com o Mercosul, as análises e informes diários enviados a União Europeia e aos Estados Unidos, tem dado espaço à agenda da política doméstica. Telegramas enviados a suas capitais citam os ataques mais frequentes de Bolsonaro a democracia. Sete ameaças golpistas foram enviadas somente no mês de julho.
Nos últimos dias, o jornal Estadão tem ouvido diplomatas das principais embaixadas estrangeiras do país. A avaliação é que, mesmo com os ataques e da ala militar do seu governo, as instituições são sólidas e o risco de ruptura democrática no país é considerado zero.
É fato que as eleições de 2022 irá provocar um acirramento na crise política, mantendo o cenário entre Lula e Bolsonaro. Entre os diplomatas, a idéia de uma “invasão no Capitólio”, caso o presidente seja derrotado, não é descartada.
Os sinais mais claros de abalo na confiança da estabilidade no Brasil vieram de Washington. O presidente dos Estados Unidos Joe Biden despachou em Brasília uma missão liderada por Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, tendo a defesa da democracia como tema-chave. “Em reunião com o presidente Bolsonaro, argumentamos que não temos preocupação com a realização de eleições livres e justas”, declarou à imprensa Juan González, diretor sênior no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca. “E ressaltamos a importância de não desacreditar o processo eleitoral, porque não há indícios de fraude em eleições anteriores.”
Desde que Biden foi eleito, ele e Bolsonaro apenas conversaram através de cartas, deixando de lado as ligações.
República das Bananas
Um diplomata brasileiro com anos de atuação na Europa e Nova York afirma que a repercussão está “negativissima”. Ele cita o fato do jornal The Guardian ter comparado a exibição de blindados promovida na Praça dos Três Poderes a uma parada militar como a “República de Bananas”. “Isso só se equipara à alegação daquele diplomata israelense que, anos atrás, chamou o Brasil de ‘anão diplomático’, sem razão. Agora há fatos que corroboram; o Guardian não fez isso a toa”, opina o embaixador.