Drama em venda e pancadaria no fim: a passagem de Rivellino, ídolo do Fluminense, no Al-Hilal
Patada atômica deixou o Tricolor para abrir o mercado saudita aos brasileiros no final da década de 1970
Torcida do Flu faz as malas para jogo contra o Al-Hilal em Orlando
De Fluminense e Al-Hilal se enfrentam nesta sexta-feira, às 16h, no Camping World Stadium, em Orlando, para decidir uma vaga nas quartas de final da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. No entanto, a relação entre os dois times começou a se formar há mais de 45 anos, especificamente com a negociação de Rivellino para o futebol saudita.
A passagem do ídolo tricolor pela Arábia Saudita foi breve, mas marcante. Ele foi um dos pioneiros a abrir caminho para atletas estrangeiros no país, em 1979. Na época, a liga local estava em processo de profissionalização, e aquela era a temporada inaugural em que jogadores estrangeiros eram permitidos nas equipes nacionais.
Rivellino tinha 33 anos e havia acabado de retornar da Copa do Mundo de 1978. Mesmo sendo um dos principais nomes da seleção brasileira, seu rendimento foi comprometido por lesões. Pouco após o torneio, renovou contrato com o Flu, mas o interesse dos árabes acelerou sua saída das Laranjeiras.
A negociação foi turbulenta, especialmente do lado carioca. O Al-Hilal ofereceu 200 mil dólares — o equivalente hoje a US$ 941.332,36 (R$ 5,09 milhões) — pela contratação da maior estrela do elenco. O valor era considerado uma salvação para o Tricolor, que enfrentava sérias dificuldades financeiras.
Rivellino permanece como um dos grandes nomes da história do Al-Hilal até hoje. Impressionou os sauditas com tudo que já havia apresentado com a camisa do Brasil e nos tempos de futebol nacional. A adaptação inicial, porém, foi complicada, especialmente devido ao clima desértico.
Com o tempo, o meia encontrou uma maneira inusitada de suportar o calor escaldante: passou a jogar com um pedaço de algodão molhado na boca. Em campo, marcou 23 gols em 57 partidas pelo clube e levou o time ao título do Campeonato Saudita — o primeiro da história do Al-Hilal — sob o comando de Zagallo.
A despedida de Rivellino foi marcante, mas não por um bom motivo. Sua última aparição foi em um clássico contra o Al-Ittihad, encerrado com uma briga generalizada. Rivellino era frequentemente alvo de marcação violenta no campeonato. Incapazes de desarmá-lo com a bola rolando, os adversários recorriam a faltas duras e provocações. Naquele jogo, ele perdeu a paciência e foi tirar satisfação com um rival.
De volta ao Brasil, Rivellino ainda treinou com o São Paulo e chegou a disputar um amistoso contra a seleção da Arábia Saudita. Mas já havia decidido encerrar a carreira. Seu passe, no entanto, seguiu preso ao clube saudita.