Rogério Andrade será interrogado por videoconferência sobre a morte de Fernando Iggnácio: audiência crucial.

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Rogério Andrade será ouvido por videoconferência em audiência sobre a morte de Fernando Ignnácio

Bicheiro será interrogado pela morte do genro de Castor de Andrade, em novembro de 2020, por videoconferência; já a prima dele, esposa da vítima, fala como testemunha, além de ser assistente de acusação no processo.

Rogério de Andrade, maior bicheiro do Rio, é preso na manhã desta terça-feira, 29, no Rio de Janeiro — Foto: JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

O bicheiro Rogério Andrade, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, será ouvido na tarde desta quinta-feira (26), por videoconferência, no processo que apura a morte do contraventor Fernando Ignnácio, assassinado em 2020.

Preso desde o ano passado no Presídio Federal de Campo Grande (MS), ele será interrogado pela juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.

Andrade foi denunciado pelo Ministério Público do RJ como o mandante do crime na disputa pelo controle do jogo de bicho.

Na audiência de instrução também estão previstos os depoimentos da viúva de Fernando Iggnácio, Carmem Lúcia de Andrade Iggnácio, e seu filho, Castor Gonçalves de Andrade Neto.

Foram arroladas outras 18 testemunhas. Gilmar Eneas Lisboa, ex-PM apontado como a pessoa que monitorou Iggnácio antes do crime, também deve prestar depoimento.

No começo do mês, o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido de defesa do bicheiro para que a nova investigação contra ele, em relação a morte de Iggnácio, fosse trancada novamente.

Preso desde outubro de 2024, os advogados de Andrade alegavam que o Ministério Público do Rio (MPRJ) e a Justiça fluminense estariam descumprindo uma ordem do STF, de 2022, que havia trancado a ação penal contra o contraventor pelo assassinato de seu rival Fernando Iggnácio.
No entanto, em sua decisão, Nunes Marques destacou que o argumento não procedia, já que a promotoria apresentou novos “elementos de prova suficientes para o recebimento” de uma outra denúncia contra Andrade. Com isso, o patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel vai continuar no presídio de segurança máxima em Mato Grosso do Sul.

No ano passado, promotores, em um novo pedido de prisão, conseguiram reunir novas provas contra o bicheiro, o que possibilitou o oferecimento da nova denúncia e os mandados de prisão contra o bicheiro e Gilmar Eneas Lisboa.

A reclamação dos advogados do contraventor se baseava em uma decisão da Segunda Turma do STF, relatada pelo próprio ministro Nunes Marques, em 2022, segundo a qual a primeira denúncia continha poucas provas.

Por conta disso, a Suprema Corte determinou o trancamento da ação contra Andrade, mas fez a ressalva de que o caso poderia ser reaberto se surgissem novas provas, em razão da continuidade das investigações. Foi o que o ministro entendeu ter ocorrido com a segunda denúncia oferecida pela promotoria no fim do ano passado.

Nunes ainda ressaltou que, nesse contexto, em 26/07/2022, o Ministério Público instaurou o PIC, “cujo desdobramento resultou na obtenção de tais elementos, os quais se mostraram suficientes para configurar justa causa ao oferecimento de nova denúncia”, diz a decisão.

O DE tenta contato com a defesa do bicheiro.

Contraventor Rogério Andrade é preso por mandar matar rival Fernando Iggnácio

BRIGA PELO PODER

Castor de Andrade era um dos chefões do jogo do bicho e morreu de infarto em 1997. Rogério era seu sobrinho e não herdou de pronto o espólio da contravenção. Coube a Paulo Roberto de Andrade, o Paulinho, filho de Castor, e a Fernando Iggnácio, genro do chefão, tocar o império.

Na divisão, Iggnácio foi cuidar dos caça-níqueis, e Paulinho passou a tomar conta das bancas do bicho. Rogério, porém, considerava ter direito à herança e passou a disputar território com Paulinho e Iggnácio.

Paulinho foi assassinado em 1998, crime atribuído a Rogério, que assumiu o negócio do primo e começou a avançar sobre o de Iggnácio.

Fernando Iggnácio, genro do contraventor Castor de Andrade, foi executado dentro de heliporto na Zona Oeste do Rio de Janeiro

Investigações da Polícia Federal mostram que a disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio entre 1999 e 2007 resultou em 50 mortes — algumas foram de policiais, acusados de prestar serviços para os contraventores.

Rogério Andrade é preso no Rio de Janeiro

Rogério Andrade é patrono da Mocidade Independente de Padre Miguel

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