O ex-jogador Ronaldo Nazário anunciou que não seguirá com sua candidatura à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A decisão ocorre após dificuldades em obter apoio dos presidentes das federações estaduais, muitos deles alinhados com o atual presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues.

Em publicação nas redes sociais, Ronaldo afirmou que, se a maioria dos dirigentes acredita que o futebol brasileiro está bem administrado, sua opinião tem pouco impacto. O ex-atacante oficializou sua intenção de concorrer ao cargo no fim do ano passado, criticando a atual gestão e prometendo trabalhar para recuperar o respeito da modalidade. Na época, nomes como Romário e Kaká elogiaram sua iniciativa.

Ao comunicar sua desistência nesta quarta-feira, 12, Ronaldo revelou que pretendia ampliar a voz dos clubes e dialogar com as federações para melhorar as competições e o desenvolvimento do futebol nos estados. No entanto, ao tentar contato com as 27 federações filiadas, encontrou resistência, relatando que 23 delas se recusaram a recebê-lo, alegando satisfação com a gestão atual e apoio à reeleição de Ednaldo Rodrigues.

Para registrar sua candidatura, Ronaldo precisaria do respaldo de ao menos quatro federações estaduais e quatro clubes das Séries A ou B. O colégio eleitoral da CBF é composto pelas 27 federações e pelos 40 clubes das duas principais divisões do futebol nacional. No entanto, como os votos das federações têm peso maior nas eleições – valendo três pontos contra dois dos clubes da Série A e um dos clubes da Série B –, a disputa torna-se inviável sem o apoio dessas entidades.

“Diante desse cenário, fica claro que não há como concorrer”, declarou Ronaldo. “As federações têm o direito de apoiar quem quiserem, e eu respeito isso, mesmo discordando.”

Além do respaldo político, Ronaldo também precisaria abrir mão de sua participação no Valladolid, clube espanhol, e em negócios ligados à gestão de carreira e marketing de jogadores brasileiros para evitar conflitos de interesse.

Ednaldo Rodrigues assumiu a presidência da CBF em 2022, em chapa única, após o afastamento de Rogério Caboclo. No fim de 2023, foi destituído temporariamente devido a questionamentos sobre o processo eleitoral, mas acabou sendo reconduzido ao cargo pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Em fevereiro deste ano, o TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) extinguiu a ação que contestava as regras eleitorais da entidade.

A próxima eleição para a presidência da CBF está prevista para ocorrer até março de 2026.