Em carta, Ronaldo pede que eleição da CBF seja marcada com antecedência de 30 dias
Pré-candidato à presidência da CBF, ex-jogador também solicita que eleição tenha supervisão presencial da Fifa e da Conmebol, “para dar mais transparência” ao pleito
DE Ronaldo Nazário anuncia que vai se candidatar à presidência da CBF [https://s01.video.glbimg.com/x240/13189312.jpg]
Ronaldo Nazário anuncia que vai se candidatar à presidência da CBF
O ex-jogador Ronaldo enviou nesta segunda-feira carta para CBF, Fifa, Conmebol e presidentes de clubes das Séries A e B com pedidos para a próxima eleição na entidade que comanda o futebol brasileiro.
Pré-candidato à presidência da CBF, Ronaldo solicita que a data do pleito seja definida com antecedência mínima de um mês, “a fim de assegurar a organização e participação dos interessados”. Além disso, o ex-jogador pede supervisão da Fifa e da Conmebol, “para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral”.
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal homologou acordo entre a CBF, cinco dirigentes e a Federação Mineira de Futebol (FMF), legitimando a eleição realizada em 2022 que elegeu Ednaldo Rodrigues [https://ge.globo.com/df/noticia/2025/02/21/stf-homologa-acordo-que-mantem-ednaldo-rodrigues-na-presidencia-da-cbf-ate-2026.ghtml]. A medida assegura a permanência de Ednaldo até o fim do mandato em março de 2026.
Com isso, o atual presidente da CBF pode convocar o próximo pleito a partir de 23 de março deste ano. Na carta, Ronaldo cobra transparência do processo eleitoral e diz que “o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas”. Veja a carta completa no fim desta reportagem.
Ronaldo deseja ser candidato à presidência da CBF em 2026 — Foto: Cahê Mota / ge
Procurada pelo ge, a CBF não se manifestou sobre o conteúdo da carta de Ronaldo até a publicação desta reportagem. Se houver posicionamento, o texto será atualizado.
Hoje empresário e ex-dono da SAF do Cruzeiro, Ronaldo anunciou em dezembro que é pré-candidato à presidência da CBF [https://ge.globo.com/futebol/selecao-brasileira/noticia/2024/12/16/ronaldo-oficializa-desejo-de-presidir-a-cbf-motivacao-e-voltar-com-o-respeito-do-futebol-brasileiro.ghtml]. Ele precisa de apoio de pelo menos quatro federações e quatro clubes para formar chapa e viabilizar candidatura.
A última eleição com dois candidatos na CBF foi realizada em 1989, quando Ricardo Teixeira, com apoio de João Havelange, derrotou Nabi Abi Chedid, candidato do então presidente Giulite Coutinho.
O colégio eleitoral é formado pelas 26 federações estaduais e a do Distrito Federal, que têm voto com peso três, pelos 20 clubes das Série A (peso dois) e pelos 20 clubes da Série B (peso 1).
CONFIRA A CARTA DE RONALDO:
“Prezados Senhores,
Conforme comuniquei publicamente, pretendo me candidatar à presidência da CBF no próximo pleito. Preocupa-me, no entanto, a falta de transparência e segurança jurídica no processo eleitoral, que pode comprometer a imparcialidade e a legitimidade das eleições.
É notório que, com o estatuto vigente, o presidente em exercício tem controle absoluto de todo o processo – o que, por si só, nos distancia das condições de concorrência leal e isonômica. Além de não contribuir para a integridade do pleito, o modelo dificulta (quiçá, impede) o surgimento de candidaturas alternativas.
Ademais, a crise dos últimos anos no comando da CBF, marcada por uma série de interferências externas e disputas judiciais incompatíveis com a autonomia e grandeza da entidade, maculou sua reputação a nível mundial e colocou em risco a sua independência.
Faltam menos de 16 meses para a próxima Copa do Mundo – chegaremos a 2026 com um jejum de 24 anos sem o título – e tudo que o futebol brasileiro não precisa agora é passar por um processo eleitoral de legitimidade duvidosa. O que precisamos é de tempo para dar voz e espaço aos clubes que, unidos, são ainda mais fortes; para escutar as federações em prol de melhorias nas competições e desenvolvimento do esporte em seus estados; para que a força da visão compartilhada, no alinhamento estratégico, nos conduza à mudança.
À luz dessas preocupações, solicito que a data para as próximas eleições – cujo prazo estatutário é de um ano a partir de 23 de março de 2025 – seja definida com antecedência mínima de um mês, a fim de assegurar a organização e participação dos interessados.
Solicito ainda que o pleito seja supervisionado presencialmente pela FIFA e pela CONMEBOL, para dar mais transparência e segurança jurídica ao processo eleitoral, bem como alinhamento aos princípios internacionais de governança no futebol. Está nas mãos do colégio eleitoral a oportunidade e a responsabilidade de atender à urgência de um choque de gestão na CBF, que comece por restaurar a confiança na instituição e seja sustentável no longo prazo. Reitero minha completa disposição colaborativa para a reconstrução da credibilidade e proteção do futuro da entidade. O futebol brasileiro é patrimônio público – cabe a nós defendê-lo.”