Rótulos e embalagens: leia antes de levar para casa

Desde outubro de 2022, novas regras para rotulagem de alimentos estão em vigor em todo o Brasil por determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo da mudança é melhorar a clareza e legibilidade dos rótulos dos alimentos e, assim, auxiliar o consumidor a fazer escolhas alimentares mais conscientes.

Para a engenheira de alimentos Annyelle Couto, gestora de qualidade da Marajoara Laticínios, as novidades são bem-vindas, pois trazem de forma mais clara várias informações importantes para a tomada de decisões das pessoas sobre o que consomem. Mas ela alerta que, embora sejam importantes, essas novas regras de rótulos nas embalagens dos alimentos pouco ajudam se as pessoas não se atentarem às informações que serão trazidas junto aos produtos.

“No caso do leite por exemplo, que é o produto com o qual trabalho hoje, com essas novas regras de rotulagem, as pessoas poderão entender de forma fácil que se trata de um produto sem nenhum tipo de conservante. A composição do leite de caixinha, por exemplo, é essencialmente o próprio leite mais um estabilizante, o citrato, que é um composto orgânico derivado do leite, usado para garantir a proteção das proteínas e a estabilidade do produto durante o processo de esterilização do mesmo”, afirma.

Engenheira de alimentos Annyelle Couto, gestora de qualidade da Marajoara Laticínios. (Foto: Divulgação)

A lista de ingredientes que está na embalagem dos alimentos, segundo explica a engenheira de alimentos, está entre as informações para as quais as pessoas precisam estar atentas sempre que for comprar algo. “Ler quais são os ingredientes é importante para averiguar se há algum do qual o consumidor pode ser alérgico ou intolerante. Também precisa estar de olho na quantidade de aditivos, que pode eventualmente gerar alguma reação alérgica, lembrando que esses aditivos podem ser de origem natural ou sintética, e devem respeitar limites de quantidade previstos em lei”, afirma Annyelle Couto.

De acordo com a engenheira de alimentos, outra informação importante nas embalagens é sobre a quantidade e o tipo de gordura que um alimento pode ter. “O consumidor precisa também ficar atento para saber se um produto é rico em um tipo de gordura que pode ser prejudicial, como as gorduras trans e saturadas, assim como a quantidade gorduras monoinsaturadas, consideradas como boas gorduras, a exemplo do ácido oleico e o ômega 3”, explica ela, ao destacar ainda que os teores de sódio e de açúcar constantes nos alimentos são também informações para as quais devemos sempre prestar atenção nas embalagens.

O que mudou

Segundo a especialista da Marajoara, a principal alteração nas regras dos rótulos introduzida recentemente pela Anvisa é a adoção da rotulagem nutricional frontal. “A leitura dessas informações sobre os produtos ficará mais fácil para o consumidor, porque ele terá esses dados melhor descritos no painel principal da embalagem, ou seja, bem na frente da embalagem, e não somente na lista de ingredientes ou na tabela nutricional do produto”, explica Annyelle.

Para tal mudança, está previsto nas novas embalagens o uso de um design de lupa, para identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio. O símbolo deverá ser aplicado na face frontal da embalagem, na parte superior, por ser uma área facilmente capturada pelo nosso olhar.

Outra mudança importante introduzida pelas novas regras de rotulagem diz respeito à tabela nutricional, que já está presente nas atuais embalagens, mas nas novas deverá seguir um padrão para deixar suas informações ainda mais visíveis ao consumidor. Sendo assim, essa tabela passa a ter apenas letras pretas e fundo branco, evitando a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem a leitura dos dados. Outra alteração será nas informações disponibilizadas, que obrigatoriamente, devem declarar os açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes por 100 g ou 100 ml, para ajudar na comparação de produtos, bem como o número de porções por embalagem.

Prazos

As mudanças já valem para os produtos lançados após 9 de outubro de 2022, quando a nova resolução da Anvisa entrou em vigor. Já para os produtos existentes no mercado haverá um prazo para as alterações: um ano (até 9 de outubro de 2023) no caso de alimentos em geral; dois anos para alimentos produzidos forma artesanal por agricultor familiar ou empreendedor familiar rural, empreendimento econômico solidário e microempreendedor individual; e de três anos para as bebidas não alcoólicas em embalagens retornáveis.

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Mulheres processam Johnson & Johnson por alegações de talco causar câncer de ovário

Quase 2 mil mulheres britânicas, incluindo pacientes com câncer, sobreviventes e suas famílias, estão se preparando para mover uma ação coletiva contra a Johnson & Johnson, alegando que o uso do talco da empresa causou câncer de ovário. Este será o primeiro processo desse tipo enfrentado pela companhia no Reino Unido, e tem o potencial de se tornar a maior ação judicial envolvendo um grupo farmacêutico na história da Inglaterra e País de Gales. Nos Estados Unidos, a Johnson & Johnson já enfrentou mais de 62 mil processos relacionados ao talco, resultando em pagamentos ou reservas de pelo menos US$ 13 bilhões em indenizações.

Contaminação com Amianto e Ação Judicial

As advogadas das reclamantes alegam que o talco da Johnson & Johnson estava contaminado com amianto, uma substância cancerígena, e que a empresa omitiu informações sobre o risco aos consumidores. Tom Longstaff, sócio da KP Law, que representa as vítimas no Reino Unido, afirmou: “A empresa sabia há décadas que o amianto estava presente e era perigoso, mas não fez nada para alertar os consumidores. Estamos empenhados em ajudar o maior número possível de pessoas a buscar justiça contra os executivos ávidos por lucro.”

Por sua vez, a Johnson & Johnson refuta as acusações e defende que elas são ilógicas e distorcidas. A empresa descontinuou a venda de talco à base de minerais no Reino Unido em 2022 e nos Estados Unidos em 2020, citando pressões financeiras e “desinformação” em torno do produto como justificativa.

Embora o talco seja fabricado a partir de um mineral natural, estudos sugerem que ele pode conter pequenas quantidades de amianto, cujas fibras podem causar danos graves ao corpo humano, como inflamações e câncer. Em julho deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou o talco mineral como “provavelmente cancerígeno para seres humanos”.

Relatos de Mulheres Diagnosticadas com Câncer de Ovário

Entre as mulheres que ingressaram na ação está Linda Jones, de 66 anos, diagnosticada com câncer de ovário em novembro do ano passado. Ela usou talco desde a infância e compartilhou sua surpresa ao descobrir uma possível ligação entre o uso do produto e sua doença. “Confiávamos no que os anúncios diziam. Quando fui diagnosticada, nunca imaginei que o talco poderia ter causado isso”, afirmou Linda.

Cassandra Wardle, de 44 anos, também foi diagnosticada com câncer de ovário em 2022 e usou talco desde a infância, assim como Sharon Doherty, de 57 anos, diagnosticada com câncer de ovário e trompa de falópio. Sharon passou por cirurgia e quimioterapia, mas a doença retornou, e ela aguarda tratamento pelo NHS.

Posicionamento da Johnson & Johnson

A Johnson & Johnson se defende, afirmando que sempre priorizou a segurança de seus produtos. Erik Haas, vice-presidente global de assuntos jurídicos da empresa, declarou que a companhia utilizou protocolos de testes rigorosos ao longo das décadas e que esses testes mostraram consistentemente a ausência de amianto no talco para bebês. Além disso, Haas afirmou que estudos independentes não associam o talco ao câncer de ovário ou ao mesotelioma.

Ele também destacou que a empresa venceu ou reverteu em apelação a maioria dos casos nos Estados Unidos relacionados a essas alegações.

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