Para Rui Costa, Lula vai “proteger” Haddad se nomear Gleisi ministra
Em entrevista à coluna, Rui Costa falou sobre a reforma ministerial e disse que, se virar ministra, Gleisi terá de modular críticas a Haddad
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, avalia que a eventual nomeação de Gleisi Hoffmann como ministra pode ser uma forma de Lula tentar “proteger” Fernando Haddad das críticas da presidente nacional do PT.
A avaliação foi feita pelo chefe da Casa Civil ao ser questionado pela coluna, em entrevista nesta quinta-feira (20/2), se a eventual ida de Gleisi para o governo não enfraqueceria o atual ministro da Fazenda.
“Não concordo com essa tese, até porque essa tese podia ser inversa. A tese podia ser o seguinte: Lula está buscando proteger Haddad, ao trazer a Gleisi para o governo. Porque, uma vez estando no governo, as eventuais opiniões dela, mesmo eventuais críticas, terão que ser feitas internamente”, afirmou o chefe da Casa Civil.
Na avaliação de Rui, como deputada e presidente do PT, Gleisi tem “total liberdade” para emitir publicamente a opinião dela. Essa postura, contudo, teria de mudará, caso a petista entre para o governo.
“Quando ela vier a ser ministra, é recomendável que quem é ministro emita as suas opiniões nos ambientes de debates que o presidente, inclusive, faculta. (…) Então, eu diria o contrário do que você está dizendo. Ao trazer a Gleisi, alguém poderia dizer: ‘Olha, ele está querendo proteger o Haddad, porque aí não terá mais uma voz pública para questioná-lo. E não o inverso’”, declarou o ministro da Casa Civil.
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
QUANDO SAI A REFORMA MINISTERIAL
Ainda na entrevista, Rui evitou cravar quando a reforma ministerial será feita. Para ele, se Lula ainda não anunciou, é porque ” não se convenceu da necessidade de mudança e de qual lugar eventualmente ele vai mudar”.
CONFIRA OS PRINCIPAIS TRECHOS DA ENTREVISTA:
Na semana passada, o Instituto Datafolha divulgou que a aprovação do governo Lula caiu para o pior índice dos três mandatos dele. A que se deve esse resultado ruim do governo?
Em primeiro lugar, quem está fazendo gestão pública, quem está no governo, eu digo sempre que nem pode ficar eufórico quando as pesquisas dão boas, nem pode entrar em depressão quando as pesquisas dão tão boas. O governo é isso. Você oscila de acordo com a conjuntura e com a percepção da população sobre o governo. No mundo de hoje, você, eventualmente, oscila também com factoide ou fake news.
Então, acho que o mundo inteiro está muito mais polarizado. Se você olhar para outros países, não tem um país do mundo que tenha um governante disparado na aprovação. O mundo ficou muito polarizado. O acesso à informação hoje está muito pulverizado e segmentado, portanto, por grupos, onde as pessoas às vezes só têm acesso a informação daquele segmento, daquele grupo que ele pertence. O que torna desafiador ainda mais a comunicação política, comunicação de governo.